Para lá da temporada dos prémios que vai marcar os primeiros meses de 2022, não vai faltar diversidade ao mapa do ano cinematográfico, desde as superproduções aos pequenos filmes independentes.
Como vai ser o ano cinematográfico de 2022? Por uma perversa combinação de automatismo, preguiça e objectividade, habituámo-nos a resumir a questão destacando uma lista dos filmes de super-heróis que vão começar a aparecer lá para o meio de a Se- tembro, definindo aquilo que, sem ironia, nos habituámos também a chamar “temporada do final de ano”…
Quer isto dizer que, ao longo dos últimos anos, Marvel, DC Comics e outros estúdios não se limitaram a virar do avesso os valores clássicos de Hollywood. Conseguiram também “naturalizar” a ideia segundo a qual já não há movimentos de mercado a não ser os que resultem dos milhões de dólares aplicados no seu marketing global.
Pois bem, não adianta desmenti-los. Em 2022, ao que parece, o ciclo de super-heróis vai até começar mais cedo, a 3 de Março, com a estreia de um novo “Batman”. O título é singelo: “The Batman”. A realização pertence a Matt Reeves, surgindo Robert Pattinson no papel do “Homem-Morcego”.
Outras ofertas no mesmo domínio surgem já agendadas para o ano: de “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”, com Benedict Cumberbatch no papel central, no dia 5 de Maio, a uma continuação de “Pantera negra”, agora com o subtítulo “Wakanda Forever”, no dia 11 de Novembro.
Oscares
Há mais mundos, claro. E não são necessariamente planetas distantes à espera de explodir por causa de um espirro de algum super-herói… Até porque, como bem sabemos, na sua crescente diversidade, as novidades passaram a repartir-se entre salas e plataformas.
Lembremos, por isso, que se vai cumprir uma outra tradição global do calendário cinematográfico, a “temporada dos prémios”, mesmo se a sua dinâmica depende das estreias que ocorrem até ao final do ano nos EUA.
Vários candidatos vão chegar a muitos mercados europeus, nas salas e plataformas de “streaming”, ao longo do primeiro trimestre de 2022, tendo como “ponto de fuga” o dia 27 de Março, data da realização da 94ª edição dos Oscares.
Entre os títulos que os oráculos da indústria norte-americana apontam como candidatos a prémios da Academia de Hollywood, teremos, por exemplo: “A Tragédia de Macbeth”, de Joel Coen, com Denzel Washington e Frances McDormand, em imagens a preto e branco, com estreia no dia 14 de Janeiro, no Apple TV+; “A Filha Perdida”, estreia na realização da actriz Maggie Gyllenhaal, a dirigir Olivia Colman, a 3 de Fevereiro; e “Belfast”, evocação semi-autobiográfica de Kenneth Branagh, outro filme rodado a preto e branco, a 24 de Fevereiro.
Isto sem esquecer os títulos que se destacam também pelos nomes envolvidos ou pelo reconhecimento que já obtiveram nos circuitos internacionais. Lembremos, a esse propósito, “O Acontecimento”, de Audrey Diwan, drama sobre o aborto na França da década de 1960, que foi Leão de Ouro em Veneza, cuja estreia acontece a 6 de Janeiro; “O Bom Patrão”, de Fernando Léon de Aranoa, comédia espanhola, que pode levar Javier Bardem a uma nova nomeação para os Oscares, a ser exibido a 20 de Janeiro; e a animação “À Procura de Anne Frank”, de Ari Folman, em cartaz a partir do dia 5 de Maio.
Os independentes
Pelo meio de tudo isto, vão haver filmes dos chamados circuitos independentes que, como sempre, mesmo com campanhas menos poderosas, vão tentar fazer valer as suas singularidades. Exemplo admirável virá da área documental: “O Professor Bachmann e a Sua Turma”, centrado numa especialíssima experiência de ensino, que valeu à realizadora Maria Speth um Urso de Prata em Berlim, com estreia marcada para 20 de Janeiro.
Outro caso modelar de originalidade criativa é “Memoria”, com Tilda Swinton, nova realização do tailandês Apichatpong Weerasethakul, distinguido no Festival de Cannes com o Prémio do Júri, ainda sem data para exibição.
No alinhamento de estreias cinematográficas para o primeiro semestre encontramos ainda hipóteses tão variadas como “Morte no Nilo”, nova adaptação de Agatha Christie, por Kenneth Branagh, cuja estreia é no dia 10 de Fevereiro, “De Son Vivant”, drama de Emmanuelle Bercot, com Catherine Deneuve e Benoît Magimel, no dia 5 de Maio e “Elvis”, de Baz Luhrmann, sobre Elvis Presley, a 23 de Junho. O Natal de 2022 já tem um filme de realce: “Mario”, baseado na célebre personagem do popular videojogo, cuja estreia acontece a 22 de Dezembro, mas desta vez em desenho animado.
Fonte: JA