Por : Rui Kandove
Num intervalo de mais ou menos três meses, o País foi surpreendido por notícias dando conta da super fragilidade dos Serviços de Identificação e Conservatórias, estabelecimentos afectos ao Ministério da Justiça.
O Novo Jornal publicou na sua edição de 8 de Janeiro, uma notícia dando conta que a polícia nacional no Zaire desmantelou uma rede de criminosos que falsificava bilhetes de identidade para estrangeiros. Faziam parte da quadrilha pelo menos dois angolanos. Tudo aconteceu quando a polícia se deparou com um grupo de emigrantes onde alguns indivíduos da RDC e do Conga Brazzaville foram encontrados com BIs angolanos.
O portal Na Mira do Crime deu a estampa no dia 23 de Janeiro, o seguinte título: Congolenses capturados no Kilamba Kiaxi com mais de 260 certidões e mais de 311 assentos de nascimento. 14 carimbos do Ministério da Justiça foram igualmente apreendidos. Em Dezembro do ano passado, centenas de bilhetes de identidades provenientes do Congo foram apreendidos. Ora, o que há em comum nos factos enunciados? A resposta parece óbvia. É evidente que não cabe ao responsável da tutela vigiar os procedimentos operacionais de cada unidade orgânica. Contudo, a responsabilização política é e será sempre da entidade máxima do pelouro. É absolutamente intolerável o que se passa no Ministério da Justiça. A segurança e soberania estão expostas por incúria. Na verdade, Marcy Lopes já há muito demonstrou que não tem condições para estar no governo . Os angolanos não se esqueceram daquela desastrosa performance em Lisboa em que o então Ministro do MAT, num diálogo com a comunidade, insistia numa narrativa completamente desajustada. O canal de notícias Camunda News noticiou, na altura: Ministro Marcy Lopes aconselha angolanos a mentirem para atração de investimento estrangeiro. Quem também deve pedir para sair é a Ministra das Finanças, Sr.ª Vera Daves. Compreende-se que haja muita simpatia pelo seu jeito e muito provavelmente pelo seu capital técnico, entretanto, a sua liderança tem sido vergonhosa. Para além da Sociedade não entender as suas prioridades na implementação de algumas políticas, os escândalos envolvendo funcionários seniores da AGT, somam-se. Depois do antigo Conselho de Administração ter sido exonerado alegadamente por envolvimento em casos de mixa que lesaram grandemente o Estado. Desta vez cinco funcionários golpearam os cofres públicos em pelo menos 70 mil milhões de Kwanzas, de acordo com as autoridades.
Política cambial desastrosa, inflação descontrolada, contas públicas desequilibradas, política fiscal asfixiante para o universo empresarial com destaque para as pequenas e médias empresas, resultam no empobrecimento cada vez mais das famílias. O combate à fome e a pobreza, o acesso aos serviços básicos de saúde e educação e a oferta de emprego para juventude são desafios políticos, sociais e económicos que o Governo de JL não conseguirá de certo vencer.
Consta que Marcy Lopes e Vera Daves , teriam sido muito bons estudantes o que lhes garantiu notoriedade suficientemente para merecerem a confiança política do partido. Nada mal. Os colegas de escola da Ministra das Finanças afiançam a sua qualidade técnica. Quem andou na Faculdade de Direito garante que Marcy sempre foi dedicado. Contudo, o desempenho enquanto titulares de pastas importantíssimas, tem comprometido mais do que ajudado a governação do PR JL. O povo passa fome, tornando-se cada vez mais vulnerável e expostos a corrupção. Resultado, a mixa no sector público cresce de forma galopante. Vai ser muito difícil inverter o quadro. Como dizem os miúdos, É TRABALHO GRANDE. Infelizmente, não foi desta que calhou-nos a reforma e o seu patrono. Para consolo, só o Velho adágio; o futuro a Deus pertence. “Se não estão aguentar, peçam para sair”. Marcy Lopes nunca imaginou que o repto que ele próprio lançou,serviria para ele anos depois. Tecnicamente chamamos efeito boomerang. É mais ou menos quando alguém atira uma pedra ao alto e esquece do efeito da gravidade. Não tarda a pedra voltará. E assim foi.