O espectáculo televisivo da edição 2022 do Carnaval de Luanda realizado terça-feira (01), no Centro de Produção da TPA, com transmissão televisiva pelo canal principal da estação pública, terminou ao ritmo e dança kazukuta, com “Rua Ya São Paulo”, numa homenagem ao grupo Kabocomeu, o vencedor da primeira edição do Carnaval da Vitória.
Numa homenagem póstuma, também, ao seu fundador e principal compositor, Mestre Desliza, o tema foi interpretado pelo filho Joaquim António Júnior “Santos”, numa versão actualizada mencionando Manguxi. Um bloco de kazukuta com percussionistas de várias formações fizeram a festa final. Esta foi uma homenagem a um dos grupos mais populares e que convenceu o júri e o primeiro Presidente da República, que perdeu parte dos seus integrantes num acidente de viação.
Nesta edição não competitiva, a abertura foi com uma dizanda em “Eleições”, na voz de Dina Santos, numa composição de Nilda Abel Mateus. Do mesmo município, Viana, o União Njinga Mbande, um outro estilo desfilou no quintal da TPA, a cabecinha com Baló Januário interpretando “Mwvo Wa 78”, uma composição de sua autoria. O União Povo da Quissama estreou o estilo samba laji, no Carnaval de Luanda, apresentando “Kuditata Kwa Mama”, uma composição e interpretação de Manuel Sondoca, onde a katutula também tem presença no andamento.
O semba mais uma vez foi o estilo predominante, como ficou marcado nos grupos provenientes no distrito urbano do Rangel, o União Giza dançou e cantou “Pescador Jetu”, nas vozes de Luna Paim, Mara Lemos e Armando Paulo, o compositor. Dom Caetano, mais uma vez, foi a voz e compositor do União Recreativo do Kilamba brindando com “Mama Lola”. Por seu lado, o Sagrada Esperança em “Twa Mimeme Kena”, teve a pena e compositor, Manuel da Rocha. Curioso que as três formações vêm da mesma matriz União Povo do Rangel, com a dissidência deu origem ao Giza. Com os problemas os seus membros criaram o grupo União Sagrada Esperança, que mais tarde outra ala criou o União Recreativo do Kilamba.
O União Kiela e União Etu Mudietu do Sambizanga, também, apostaram no semba, as senhoras comandadas pela Maravilha Dias dos Santos e Florinda cantaram “Homenagem à Sonangol”, uma composição de Zezinho Loy, enquanto a outra formação apresentou “Tulolo Kienu” de Arnaldo Catari. Da Maianga passaram União Jovens da Cacimba, União 10 de Dezembro, União Amazonas do Prenda e União 54 e mais uma vez a tendência foi a mesma.
Os Jovens da Cacimba em “Twa Sakidila Ixi Ya Ngola” tiveram a voz e a composição de Madalena Andrade. O União 10 de Dezembro numa rapsódia arrancada com “Nguami” recordou alguns dos seus temas anteriores nas vozes de anteriores vocalistas, como a do saudoso comandante Vidal com Tony do Fumo Filho a fazer o playback. Com a mensagem “Não deves meter os pais no Beiral”, uma composição de Zeca Bangão, interpretada pelo autor e Lola Bumba, foi levada pelo União Amazonas do Prenda. O União 54 apresentou “Havemos de Voltar”, na voz de Dj Dickson que também assinou o tema, que recorda o célebre discurso de Agostinho Neto, no Cazenga, no dia 18 de Janeiro de 1978.
O fecho do desfile, que teve a transmissão da Televisão Pública de Angola, como muitos concertos e actividades que passam pelos canais de televisão, contou com o papão dos títulos, União Mundo da Ilha, com a sua voz e compositora habitual, Tonicha Miranda em “Jitabu Ja Bululu”.