A viagem musical pelos ritmos das Antilhas, como kadance, kompá, calipso, lamba-zouk e zouk, com realce para este último estilo antilhano, proporcionada na tarde de sábado pela Nova Energia, em mais uma edição do Show do Mês Live, foi uma terapêutica e provou que a música é medicamento, como ficou eternizado no sucesso “Zouk La Se Sel Medikanam ou Ni”.
Lito Graça, Mister Kim, Branca Celeste, Alexandra Bento, Diana Kabango, Raquel Lisboa, Cidy Daniel e Eudisio foram os interpretes dos temas que entre os finais dos anos 1970 e início de 1990 invadiram as rádios e as festas de quintais em Angola.
Foram escolhidos mais de quarenta sucessos, numa selecção inicial de duzentas músicas, segundo Hélder Madeira, um dos principais responsáveis do reportório. A festa terminou em grande com Lito Graça a puxar os colegas em “Zouk La Se Sel Medikanam ou Ni”, uma das grandes bandeiras de Jacob Desvarieux, dos Kassav e do zouk, o estilo mais mediático das Antilhas. Foi um fecho alegre lembrando os encerramentos dos Kassav em concertos em Luanda, nos estádios dos Coqueiros e da Cidadela, Paris, no Bercy, Zenith ou Stadium Nacional, Gran Merchant de Zouk, na Martinica e Guadalupe.
O início do concerto também foi montado propositadamente para trazer grandes recordações com um “medley de Kassavadas”, no qual constavam, dentre outros, hits como “Aiyé Aye Pan Moi”, com Lito Graça, voz de comando que também encarnou Georges Plonquitte, em “Adelina” e com o jovem saxofonista Luís Vasco recordou “Le Imortalle” de La Galaxy. Mister Kim em “Titoua” interpretou Jean Pierre Argenon e ainda teve tempo para apresentar outros temas que marcam gerações como “Music indefini” e sucessos dos Les Aiglons.
Raquel Lisboa, Branca Celeste, Diana Cabango e Alexandra Bento a solo ou em parcerias conseguiram mais uma vez alegrar com as releituras nos sucessos de senhoras da música antilhanas. Foram responsáveis pelas emoções em canções como “Karecé”, “Frech”, “Simin Pou Recolté”, “Mama” e outras músicas conhecidas nas vozes de Jocelyn Beroard, Gertrude Seinin e Zouk Machine.
Os dois debutantes Cidy Daniel e Eudisio foram determinantes principalmente interpretando sucessos conhecidos nas vozes de Jean Philipe-Martelly e Patrick Saint-Lo, como “Djen Djen”, “Palé, Palé” e tantos outras canções com os Kassav e projectos individuais, que continuam a marcar gerações de angolanos. Temas como “Sa Kay”, “Bondié” e “Pan In a Minor” de referências antilhanas, como Frederic Caracas, Salines e Biron Lee foram cantados pelos artistas.
A multiculturalidade e o hibridismo musical presentes num país crioulo como as Antilhas ficou patente em temas como “Meli Melô”, um lamba-zouk, e o convite aos distritos e quarteirões da cidade Luz em “Paris”, principal música da Companie Creolle. A boa maneira antilhana todos cantaram e participaram nos coros.
A banda, mais uma vez, teve como principal referência Teddy Nsingui, como sempre nos solos, bem auxiliado pelo ritmista Sankara e Kappa D com o seu baixo maravilhou os mais exigentes apreciadores do zouk. A escolha de Salvador nos teclados deu uma outra liberdade à Benny. Bernas e Alexandre nas congas e precursões ligeiras partilharam muito bem a secção percussiva com Jack Nsaka na bateria. Chinguma, Eufraim La Trompa, Rigobeerto e Luís Vaco, o quarteto dos sopros, foram os elementos que estiveram em palco e que em tempo recorde tiveram que montar o concerto.
O Show do Mês regressa aos palcos dentro de quinze dias, mas não no Complexo Hoteleiro da Endiama (CHE), espaço habitual dos concertos do projecto da Nova Energia.
Fonte:JA