O julgamento do “caso Grecima”, que envolve o deputado e antigo ministro da Comunicação Social e ex-director do Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), Manuel António Rabelais, retomou segunda-feira (08), no Tribunal Supremo, em Luanda, depois de mais de um mês suspenso.
No mesmo dia, o Tribunal Supremo concluiu o interrogatório a Manuel Rabelais, que está a ser julgado pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais e violação das normas de execução orçamental.
De acordo com o que foi divulgado, o período da manhã foi marcado por questões relacionadas, sobretudo, com o património de Manuel Rabelais, que foi entregue ao Serviço Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria-Geral da República (PGR), num total de trinta imóveis. O réu disse que, além dos trinta imóveis, fez, igualmente, a entrega do grupo de comunicação e outros empreendimentos, de dois milhões de dólares e três viaturas.
Manuel Rabelais confirmou que, dos bens entregues ao Serviço de Recuperação de Activos da PGR, todos foram adquiridos antes de ter sido nomeado para o GRECIMA, com excepção de um imóvel e escritório, na Maianga, cujo processo de compra ainda decorre.
Igualmente, na segunda-feira à tarde, o Tribunal Supremo interrogou Gaspar Santos, outro co-réu no processo, que era uma espécie de auxiliar administrativo e colaborador de Manuel Rebelais nos negócios do GRECIMA.
Entretanto, o Hilário Gaspar Santos, negou em tribunal ter auferido salários no Grecima, durante os cinco anos que colaborou com a instituição, assumindo ter sido compensado com ajudas de custos por, na altura, viajar constantemente para o exterior do país, particularmente para Lisboa (Portugal).
O antigo assistente de Rabelais explicou que as suas viagens eram custeadas pelo Grecima e os pagamentos eram por si feitos, em divisas, na sua qualidade de assistente administrativo daquela instituição.
Segundo o arguido, estes pagamentos eram, também, feitos às individualidades que promoviam a imagem de Angola e do Executivo angolano no exterior.
Na audiência de segunda-feira, o réu Hilário Gaspar Santos foi interrogado sobre a sua ligação ao Grecima, a relação de trabalho com o ex-director do extinto Grecima, Manuel Rabelais, bem como sobre o papel que desempenhou nas supostas transacções fraudulentas de que ambos são acusados.
Na mesma audiência, Manuel Rabelais comprometeu-se a entregar ao tribunal uma relação com os dados exactos dos imóveis e dos valores que restituiu à Direcção Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria-Geral da República.
Os réus do conhecido “Caso Grecima” são acusados dos crimes de peculato de forma continuada, violação das normas de execução orçamental e branqueamento de capitais, referentes aos anos de 2016 e 2017.
Nesse período, foram alocados ao Grecima 98 milhões, 141 mil e 672 euros, para a aquisição de contravalores em kwanzas.
Manuel Rabelais é acusado de ter transformado o Grecima numa casa de câmbio, cujas divisas eram comercializadas a um preço superior ao valor oficial. *(Com agências)
Fonte:J24H