RECONCILIAÇÃO VERDADEIRA É NECESSÁRIA- MASSACRE DOS BAKONGOS FOI ESQUECIDO PELO JOÃO LOURENÇO

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O discurso do presidente João Manuel Gonçalves Lourenço está mesmo disposto a reconciliar-se com a sua própria história recente? O caso dos acontecimentos de 1993, que também vitimou os bakongos a conhecida sexta-feira sangrenta, este dia e hediondo massacre levou muitos filhos da etnia kikongo fossem barbaramente assassinados.

Matadidy Mimako Simão | Uíge

O país tem de se reconciliar de verdade, este tipo de reconciliação tímida o povo não vai aceitar este é uma pura e dura mentira do sistema comunista de Luanda. José Eduardo dos Santos, foi o grande assassino contra a etnia mais inteligente deste país. Os bakongos são na verdade os homens da caneta forte em matemática, nas línguas estrangeiras são docentes em quase todas universidades deste país que se chama Angola.

No dia 23 de Janeiro a chacina contra os bacongos completou 28 anos da Sexta-feira Sangrenta, o dia que angolanos do grupo linguístico Kikongo, foram assassinados por razões xenófobas. Com efeito, na manhã do dia 23 de Janeiro de 1993, os bairros da Petrangol, Mabor e Palanca e outros habitados maioritariamente por bakongos, foram atacados por parte de habitantes de Luanda. O Governo de Angola teria reconhecido oficialmente 57 mortos, mas as organizações civis bakongo apontaram mais de mil vítimas e acusaram jornalistas angolanos serem responsáveis da chacina.

Geralmente estes ataques foram tidos como sendo ocasionados por motivos étnicos, na realidade, tratou-se de conflito pré-eleitoral. Os bakongo foram acusados pela imprensa oficial de terem apoiado o partido do Galo negro. Depois da fuga do Jonas Savimbi, nos fins de Novembro de 1992 para o Huambo, este reorganiza o comando da sua ala militar e no espaço de poucos meses depois das primeiras eleições em Angola, ocupa as cidades do Uige, Mbanza Kongo, Ndalatando, Soyo, Caxito e mais tarde, depois de uma batalha de 55 dias, a segunda cidade de Angola, Huambo, obrigando o governo estar na defensiva. Daí nasce a campanha mediática contra o Zaire de Mobutu, acusado de ter enviado tropas para auxiliar o braço armado da UNITA.

No entanto, quando as Ex- FALA’s ocupavam militarmente uma das cidades, a Rádio Nacional de Angola, noticiava que, cito, “tropas zairenses e da UNITA, ocuparam a tal cidade”, etc. Alguns jornalistas de Jornal de Angola imprudentes, assinam artigos que criticavam os supostos zairenses (na realidade, angolanos bakongo), com caricaturas, denegrindo-os de ser responsáveis da miséria do povo angolano.

Em meados de Janeiro de 1993, todos órgãos de comunicação Social de Angola, citam fontes militares que foram capturados no campo de batalha, tropas zairenses, o que constituía prova suficiente da implicação de Mobutu no sucesso de tropas da UNITA no terreno. E prometeram apresentá-las numa conferência da imprensa. Na preparação desta, um jornalista corajoso questiona sobre as provas que os militares estrangeiros africanos capturados fossem zairenses, a resposta foi simples, falavam lingala e o jornalista insiste de saber se, nas forças armadas angolanas e da UNITA, não havia militares que falavam lingala, sendo angolanos na realidade. A reunião com imprensa foi anulada “in-extremis”, por ordens superiores. Soube-se mais tarde, que os supostos soldados zairenses, na realidade tratava-se de angolanos bakongo que falavam lingala, ligados ao partido no poder, recrutados para este efeito.

A campanha de difamação contra Mobutu e os zairenses era tão forte que obrigou o então general da UNITA, Demosthenes Chilingutila, desmentir na rádio portuguesa TSF, qualquer implicação das tropas do Zaíre ao lado das suas tropas e afirmou ainda que próprio presidente do Zaíre tinha problemas graves no seu país que precisava ajuda da UNITA.

No dia 22 de Janeiro de 1993, um editorial da Rádio Nacional de Angola revela que os Zaírenses infiltrados no seio da população angolana, preparavam um plano para assassinar o presidente da República, José Eduardo dos Santos. Foi esta razão que no mesmo dia e o a seguir, populações de Luanda munidas de armas de fogos assaltam, violam e matam com toda impunidade, os bakongos da capital do país.

Dias depois, os bakongo, impotentes e frustrados, reúnem-se algures em Luanda, redigem o famoso Manifesto da Sexta feira Sangrenta, um memorandum dirigido ao governo de Angola, ao parlamento e às embaixadas acreditadas em Angola. Este documento (será reeditado neste espaço nos próximo dias), os activistas bakongo relatam com pormenor o que se passou nestes dias. O Falecido deputado do partido PDP-ANA, Nfulumpinga Landu Víctor, toma conhecimento do manifesto e interpela a Assembleia para condenar os massacres e levar à justiça os autores.

Manifesto da Sexta – feira Sangrenta é um documento oficial arquivado no Parlamento angolano, que o presente portal foi exumar, com intuito de render a devida homenagem aos bakongo angolanos assassinados por causa da intolerância.

Pedimos aos nossos visitantes de ler o manifesto com muito discernimento, tomando em conta que o tempo que vivemos não é mesmo de há 28 anos, pois relata com detalhes a discriminação dos bakongos de Angola naquele tempo.

Centenas de pessoas foram mortas no Namibe em Janeiro de 1993

Não foi só em Luanda também nas províncias do Namibe e pela primeira vez foi feita uma homenagem pública a centenas, senão milhares, de pessoas mortas pelas autoridades governamentais por ocasião onda de repressão que se seguiu às eleições de 1992 quando o país caminhava de novo para a guerra.

A 5 de Janeiro de 1993, mais de 600 cidadãos foram assassinados na província do Namibe, sendo que mais de 250 pessoas na cidade do Namibe e outras 360 na cidade piscatória de Tombwa por asfixia, num contentor.

Desde aquela data, as famílias das vítimas nunca puderam chorar e realizar o óbito de seus ente-queridos por ameaças das armas.

Agora, pela primeira vez, as vítimas da referida chacina foram publicamente homenageadas nas respectivas valas comuns onde jazem os seus restos mortais.

O acto foi dirigido pelo secretário provincial da UNITA no Namibe Ricardo Ekupa de Noé Tuyula, acompanhado por membros da direcção, militantes, simpatizantes, amigos do partido, familiares das vítimas e de alguns membros da sociedade civil. O evento decorreu sem sobressaltos no cemitério Municipal do Calumbilo, sob a protecção da polícia.

As mulheres entoaram cânticos, mas também choraram pela alma dos entes queridos, cuja vida foi amputada prematuramente pelos simples factos de falarem e pensarem diferente.

Ricardo de Noé Tuyula disse que o dia 5 de Janeiro é um marco histórico na província do Namibe e não só, que jamais será esquecido por gerações vindouras a julgar pela dimensão humana em que cerca de 600 pessoas foram sacrificadas inocentemente.

Para o político da UNITA, os massacres são uma das estratégias antigas utilizada pelo regime com o propósito de intimidar e ao mesmo tempo humilhar os angolanos que reclamam a “liberdade e o respeito pela pessoa humana”.

Tuyula rebuscou outros exemplos do passado recente, com realce para o 27 de Maio de 1977, em que, segundo o dirigente do partido do galo negro, o MPLA dizimou “mais de 40 mil pessoas entre militantes activos do seu próprio partido”.

Tuyula referiu-se também ao que denominou de “genocídio tribal de Luanda”, que culminou com o assassinato do vice-presidente da UNITA, Jeremias Calandundula Tchitunda, Salupeto Pena, o secretário-geral Mango Alicerces, Chimbili e outros, assim como a celebre sexta-feira sangrenta

No local, várias pessoas prestaram o seu testemunho, falando o que viram e sentiram no pretérito 5 de Janeiro de 1993, tanto na cidade do Namibe, como no município piscatório do Tombwa. Alegaram que pela dimensão das vidas humanas perecidas, a data não pode passar de forma despercebida, impondo-se a necessidade de se institucionalizar o 5 de Janeiro como “dia dos mártires da repressão marxista em Angola”.

A actividade estendeu-se aos dois cemitérios do Calumbilo na cidade do Namibe e do Tombwa, respectivamente. O programa previa também o culto pelas almas dos defuntos na paróquia de Santo Adirão, embora esta acção de graças tenha sido contestada pelo partido no poder e o Executivo da província do Namibe.

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