O Presidente de Angola vai participar, em novembro, no Congresso Nacional da Reconciliação, um tema importante para os angolanos que ainda carregam “muitas feridas”, anunciou ontem em Luanda, o presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST).
Segundo o presidente da CEAST, para a igreja, este é o momento de os angolanos terem “outra visão, outras ideias, outra maneira de abordar a política, outra maneira de ver, de encarar a sociedade e o cidadão”.
“Por isso, viemos apresentar o programa que nós temos para este congresso e ficamos satisfeitos pela disponibilidade de sua excelência senhor Presidente da República em participar desse congresso e esperamos que seja mesmo congresso da reconciliação”, frisou.
O também bispo de Saurimo disse que a igreja considera a reconciliação “a peça fundamental”, porque a independência “deve significar o bem-estar integral, o bem-estar emocional, o bem-estar psicológico, físico, social, cultural e cívico”.
Para o bispo, este processo deve ser construído em união por todos os angolanos, “sem exclusão, sem rotulações”.
“Sem esta tendência da política do militante, que nós estamos a levar a cabo, a nos colocar de costas viradas uns contra os outros e, sobretudo, nos focarmos na política da cidadania, porque é isto que nós desejamos e é esta Angola que nós queremos”, enfatizou.
“Basta de estarmos sempre a viver do passado inglório que nós carregamos ainda”, acrescentou o bispo, destacando a necessidade de se fazer “esse exorcismo nacional, esse exorcismo das consciências, esse exorcismo dos políticos”, para que verdadeiramente a linguagem política “seja mais polida, mais incentivadora do bem, da alegria, da satisfação e [focada] na resolução dos problemas mais prementes que o cidadão apresenta”.
O congresso, inicialmente marcado para finais deste mês, foi alterado para a primeira semana de novembro, ajustado à disponibilidade do chefe de Estado angolano, perspetivando-se a participação de 500 pessoas, sendo um evento aberto a todos os cidadãos, a “todas as forças vivas”, acrescentou, reiterando a importância da reconciliação “para o país e para os angolanos”.
“Porque nós estamos a carregar muitas feridas, que não estão a nos ajudar a termos uma linguagem de irmandade, de fraternidade, virada para o bem comum e para o compromisso com Angola”, acrescentou, alertando que se os angolanos continuarem a viver “nesta tendência de grupos, de partidos, de grupos fechados”, o país não vai conseguir construir a nação que todos desejam.
“Estamos todos concertados e alinhados para que esse grande momento da nação aconteça”, realçou, adiantando que o evento vai terminar com um culto ecuménico, “importante para [se poder] viver esse momento da reconciliação”.

