A falta de água potável, escassez das chuvas e zona completamente seca estão na base de vários anos de amargura por que passam as populações da comuna agropecuária de Kapolo, em Porto-Amboim.
*Fernando Caetano| Kwanza Sul
Com hábitos e costumes assentes na agricultura de sustento junto do rio Longa, distante da zona habitacional e criação de gado bovino e caprino, as comunidades de Kapolo há mais de 30 anos não conhece bem-estar social.
Os populares consomem água de uma única barragem existente juntamente com animais. Líquido que a olho nu provoca arrepios, pois o rio dista há muitos quilómetros das aldeias, facto que tem provocado muitas doenças no seio das populações e morte de gado.
A única moto cisterna existente para abastecimento da água as comunidades está avariada. Mesmo assim as comunidades clamam por tractores para desbravar a terra, esperando pelas chuvas para uma agricultura mais sustentável.
A água é a principal preocupação daquelas populações. “Que nos envie a máquina para que as pessoas possam trabalhar à vontade porque a manual não vamos fazer nada. Temos vontade de trabalhar, é o tractor que a gente queremos aqui na comuna do Kapolo. Porque com os tractores as pessoas fazem trabalho porque aqui é área que tem muito capim. O apelo que eu deixo é que o senhor administrador de Porto-Amboim tem que ver esta área. Que o povo do Makulungo está no sofrimento de água”, disse um dos populares.
Em resposta a inquietação popular, a nova administradora de Porto-Amboim, Maria Domingos Sumano, mostrou-se apreensiva com a situação constatada, mas assegurou que a resolução do problema daquela circunscrição, sobretudo de água, transcende as capacidades da administração municipal.
“A resolução do problema ou da colocação do sistema de água a comuna do Kapolo transcende as nossas competências financeiras e, infelizmente, não será para agora mas todo esforço está ser envidado para colocar pelo menos um sistema de água ou então a requalificação das barragens que lá existem para que a população possa ter mais água. A comuna de Kapolo tem cerca de 149 mil habitantes, só que a população não vive confinada neste local. São bairros dispersos que também tem estado a dificultar a colocação dos serviços tanto da água como os postos de saúde, porque a população não vive confinada num só lugar, isso tem estado a dificultar os serviços administrativos nesta comuna”, disse.
Maria Sumano diz necessitar da requalificação de oito barragens, no mínimo, para a solução do problema de água em Kapolo. “Nós se conseguíssemos no mínimo requalificar oito barragens já teríamos água para um bom número de habitantes da comuna de Kapolo consumir durante o ano, porque as barragens que lá estão desabaram e já não conseguem manter a água durante o período de seca. Então só temos água no período das chuvas e no período de seca as barragens já estão sem água. Neste momento a única barragem que lá existe está servir também de bebedor do gado e, é aí onde a população tira água para o seu consumo. A primeira solução que nos estamos a fazer foi a distribuição das moto cisternas para que essas moto cisternas conseguissem tirar água do rio e, então em escala fornecer a determinados bairros para que a população consiga ter água. A segunda, o outro plano que nós estamos a pensar é requalificar as barragens mas, só para o próximo ano”.
Outra situação constatada pela administradora tem a ver com a questão, segundo a qual, os administradores que passaram por Porto-Amboim conhecem a realidade do modo de vida das populações de Kapolo mas, quando lhes foi alocadas verbas ao município ignoraram o sofrimento das populações e, ao invés de construírem fontenários ou sistemas de captação de água e chafarizes na comunidade, preferiram construir alguns tanques de pouca valia e junto do rio longa que fica muito distante das comunidades. O mesmo fizeram com as escolas que construíram onde não reside qualquer popular.