A Polícia angolana diz ter usado “força moderada e não letal” contra os manifestantes do último sábado, em Luanda. Diz que não houve registo de danos materiais e humanos. Mas ativistas prometem mais protestos.
Os promotores que contabilizam sete detidos e 17 feridos. Mas a Polícia fala em apenas feridos ligeiros e nenhuma detenção. A corporação divide o asseguramento dos protestos em três momentos: antes, durante e depois.
Mateus Rodrigues garante que a polícia tentou dissuadir os manifestantes, durante o protesto, porque o roteio pretendido, partindo do Mercado do São Paulo à Assembleia Nacional “violava a lei”.
“Nós sugerimos um percurso alternativo que seria do Cemitério da Sant’Ana até ao Largo das Escola, onde deviam realizar a sua atividade com bastante segurança num ambiente bastante controlado. Porém, não chegamos a acordo em relação a isso”, explicou, o porta-voz da polícia angolana.
E durante os protestos, a polícia acompanhou os manifestantes até às imediações do Largo da Independência, onde foi colocada uma barreira com agentes e veículos policiais para impedir que os estes chegassem ao parlamento. Rodrigues relata desobediência dos manifestantes.
Desentendimentos
“Sugeriu-se então que se realizasse atividade no Largo do Soweto. Não acataram a orientação ou sugestão da polícia e tentaram chegar à força ao seu objetivo”, descreve. Por isso, ainda de acordo com Mateus Rodrigues, tiveram que “fazer recurso à força moderada e não letal. Insisto, força não letal e moderada no sentido de dissuadir os manifestantes de continua com aquela conduta que violava a lei”.
O Governo angolano ainda não se pronunciou sobre se vai recuar da sua decisão. Entretanto, o “Movimento Contra a Subida dos Combustíveis” agendou mais um protesto para o dia 26 deste mês. Enquanto se reúnem as condições legais e logísticas, os promotores apelam à sociedade a participar na manifestação do Movimento de Estudantes Angolanos (MEA) contra a subida do preço das propinas no ensino privado, a partir do próximo ano letivo.
Mais protestos
A manifestação realiza-se no próximo sábado (19.07) sob o lema: “Lute como um estudante”.
“É urgente nós jovens nos levantarmos contra essas medidas e fazermos tudo para contrariar essa medida do Governo”, apela Francisco Teixeira, presidente do MEA. “Vamos estar aqui para continuar a lutar até que a verdade seja restabelecida, até que, a verdade venha à tona,” afirma.
Também no próximo sábado promovem-se protestos contra a subida dos preços do combustível e dos transportes públicos e privados no norte de Angola, nomeadamente em Uíge, Kuanza-Norte e Malanje.
Hermenegildo André, um dos promotores do protesto de Malanje, apela à polícia daquela região do país para que adote uma postura republicana. “O que nós estamos a exigir beneficia a todos. Pedimos mais ponderação. Não somos nós que roubamos o dinheiro do petróleo,” conclui. DW África