Fontes próximas à Cidade Alta indicam que João Lourenço já terá escolhido o seu “Delfim”: trata-se de Pereira Alfredo, atual Governador da Província do Huambo, que está a ser cuidadosamente preparado para liderar a lista do MPLA nas eleições gerais de 2027.
Mas o que significa ser “Delfim”?
O termo tem origem na monarquia francesa, em que o “Dauphin” era o herdeiro do trono. No contexto político, refere-se àquele que é projetado por um líder em fim de mandato para lhe suceder. Pereira Alfredo, ao que tudo indica, será o escolhido de João Lourenço para herdar o trono presidencial.
João Lourenço está impedido pela Constituição de disputar um terceiro mandato presidencial, estando limitado a dois. Contudo, deverá concorrer à liderança do MPLA em 2026 e, se reeleito, usará a sua autoridade no partido para indicar Pereira Alfredo como cabeça de lista — o que, em Angola, significa ser o presidenciável do partido no poder.
Sinais da estratégia em marcha:
A província do Huambo tem-se transformado numa espécie de “MECA” do poder: tem recebido constantes visitas de ministros e figuras do topo do Executivo, como ocorreu no evento nacional sobre o Corredor do Lobito, realizado com pompa em solo do planato.
- O Orçamento Geral do Estado tem alocado recursos especiais para obras de reabilitação e imagem no Huambo, fortalecendo a percepção de um “governador realizador”.
- Perfis e páginas afetas aos serviços especiais do Estado passaram a publicar com frequência conteúdos elogiando Pereira Alfredo como um líder com grandes capacidades de governação, com destaque para sua gestão, postura e disciplina.
Debate aberto:
- Estará João Lourenço a preparar uma sucessão controlada?
- Pereira Alfredo tem perfil nacional ou é uma construção da máquina do partido?
- Que impacto teria essa escolha no equilíbrio interno do MPLA?