Angola prevê adquirir, até final deste ano, sete milhões de vacinas contra a Covid-19 da Sinopharm, que permitirão vacinar 60 por cento da população do país até Dezembro, anunciou, ontem, em Luanda, o ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Pereira Furtado.
Além do lote que o país prevê receber, Angola tem em stock mais de sete milhões de vacinas da Pfizer, tendo recebido, no último domingo, 585 mil doses da mesma vacina, uma doação do Governo dos Estados Unidos da América. Ainda na passada terça-feira, o país recebeu 456 mil doses da vacina AstraZeneca, provenientes do Canadá.
“Estas quantidades dão garantias para o país vacinar 60 por cento da população, quer sejam nacionais ou estrangeiros, até Dezembro deste ano. O país tem capacidade instalada para conservação das vacinas, cujos prazos de caducidade são razoáveis”, disse Francisco Pereira Furtado, depois de um encontro da Comissão Multissectorial para Prevenção e Combate à Covid-19 com a imprensa.
O governante mostrou-se satisfeito com o facto de no última dia 2 de Novembro não se ter registado nenhum óbito, quando nos meses de Setembro e Outubro o país atingiu o pico, com 859 casos num só dia, dos quais 21 óbitos.
Segundo Francisco Furtado, o país já começou a registar uma redução significativa dos casos de Covid-19, resultante do processo de vacinação massiva da população, o que tem permitido o corte da cadeia de transmissão do vírus em todo o país.Neste contexto, apelou à população a aderir à vacinação, por ser um acto que já demonstrou ser eficaz na luta contra a pandemia.
O chefe da Casa de Segurança do Presidente da República lamentou o facto de existirem, nas redes sociais, campanhas de negacionistas, já identificados, a desincentivarem a tomada das vacinas.
Estes negacionistas, acrescentou, consideram o De-creto Presidencial, em vigor no país desde 31 de Outubro, como uma violação aos direitos individuais dos cidadãos. “Se, por um lado, existem direitos individuais de cada um, por outro, também existem direitos colectivos, e nós não estamos preocupados apenas com os direitos de um pequeno grupo, estamos preocupados com os direitos colectivos, daí a razão de chamar a atenção dos nossos cidadãos a não se deixarem levar por essas propagandas negativas”, disse, sublinhando que o Executivo tem a responsabilidade de proteger a vida colectiva dos cidadãos.
Jornalista canadiana
Alex Boyd, a jornalista canadiana que está a acompanhar o processo de vacinação em Angola, defendeu, ontem, em Luanda, que os países mais ricos devem doar maior quantidade de vacinas aos países com menos possibilidades, para que o mundo possa livrar-se da pandemia.
A jornalista do jornal “Toronto Star”, que falava à imprensa angolana, depois de visitar alguns postos de vacinação em Luanda, mostrou-se surpreendida com as longas filas de pessoas que esperam pela sua vez para serem vacinadas.
Apesar das longas filas, o processo de vacinação era célere, reconheceu a profissional de comunicação, o que demonstra que há uma grande vontade das autoridades angolanas em verem vacinadas as populações.
Alex Boyd, que está em Angola pela primeira vez, elogiou o comportamento das pessoas e falou do clima do país. Um dos aspectos que mais atenção chamou a jornalista, é o facto de algumas pessoas, mesmo sem Bilhete de Identidade, estarem a ser vacinadas.
Na visita aos postos de vacinação, a repórter canadiana esteve acompanhada pelo secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda. Durante a jornada de campo, que ocupou toda a manhã, a visitante percorreu os diferentes compartimentos dos posto de alto rendimento da Cidadela Desportiva, da Biblioteca da Ingombota, bem como o Depósito Central de Medicamentos, no bairro Palanca.
Central de Depósitos
Com capacidade para conservar mais de 160 milhões de doses de vacinas, o Depósito Central de Medicamentos está preparado para conservar todas as vacinas que chegarem ao país, assegurou a coordenadora do Programa Nacional de Vacinação, Alda de Sousa.
Neste momento, a instituição tem em conservação cerca de 80 milhões de doses, de diferentes vacinas. Este número ainda não corresponde a 50 por cento da capacidade instalada.
O Alto Posto de Rendimento da Cidadela Desportiva era ontem um dos mais agitados. Centenas de cidadãos estavam ávidos de serem vacinados contra a Covid-19
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