O sistema financeiro angolano conta, a partir de 1 de Outubro, com o primeiro serviço de pagamentos instantâneos e transferências monetárias por intermédio de terminais telefónicos, o qual vai ser provido pela operadora de telecomunicações móveis Unitel, anunciou, ontem, em Luanda, o administrador do BNA Pedro Castro e Silva.
As declarações foram proferidas à imprensa, no final da apresentação do 12º Estudo Anual de Tendências Tecnológicas 2021, um relatório da Deloitte consagrado ao impacto das tecnologias digitais na economia nacional nos próximos 12 meses.
Pedro Castro e Silva afirmou que a implementação dos pagamentos instantâneos está inserida nas estratégias adoptadas pelo BNA com base num estudo sobre os modelos de moeda digital disponíveis, com uma primeira etapa focada na percepção do conceito de moeda digital, dando lugar a uma fase de detalhe que vai permitir aferir a viabilidade da introdução de um modelo alinhado à realidade do país.
O estudo sobre a moeda digital, de acordo com Pedro Castro e Silva, tem conclusão prevista para o final do ano em curso ou o primeiro semestre de 2022, quando lança a solução que aglutina as que já coexistem no domínio das transferências instantâneas, também conhecidas por Mobile Money exclusivas de alguns bancos comerciais.
“O BNA, por intermédio da EMIS, pretende, com este programa, fazer a interligação de todos estes serviços, de modo a que seja possível transferir fundos entre as plataformas e-Kwanza (do Banco BAI) e o e-Kumbú (Banco Sol), e a Unitel, à semelhança daquilo que acontece com a banca, em que já se pode fazer transferência de um banco para o outro porque, detrás disso, existe uma infra-estrutura tecnológica que permite a inter-operabilidade”, disse.
Pedro Castro e Silva sublinhou que, na fase inicial, os pagamentos instantâneos limitam-se a operações entre pessoas, permitindo transferir dinheiro para qualquer província, sem necessidade de uma conta bancária, desde que o indivíduo tenha aderido a um destes serviços, ao passo que, a partir de 2022, será possível efectuar pagamento de serviços como o de energia e todo o tipo de compras.
Tendências de curto prazo
Uma das conclusões do Tech Trends 2021, como é originalmente designado o estudo, aponta para uma necessidade de maior aposta na formação de quadros nos domínios das tecnologias digitais como forma de superar os desafios impostos pela actual conjuntura económica internacional.O partner da Deloitte António Veríssimo, considerou, na apresentação do relatório, que “a pandemia global teve um efeito disruptivo que forçou a adaptação de novos planos para o futuro, perante o facto de hoje se poder realizar durante semanas algo que só seria possível num ano”.
Uma que, prosseguiu, “fez-nos sair da nossa zona de conforto, mas impulsionou mudanças importantes e as tendências com uma perspectiva mais promissora para o futuro”, disse.
O presidente da Deloitte Angola, José Barata, lembrou que a sobrevivência das empresas mundiais em tempos de pandemia e recessão económica está intrínseca à faculdade destas manterem-se produtivas com recurso aos meios tecnológicos.
O estudo da Deloitte revela que os efeitos da pandemia da Covid-19 levaram as organizações a optarem por medidas profiláticas que as “tornaram resilientes, mais fortalecidas, adaptadas às flutuações e a obstáculos que permitiram acelerar com determinação as transformações digitais que hoje regem a actividade económica”.
“Em 2020 verificou-se uma forte expansão digital, assim como uma premente aposta na inovação de serviços, que serão contínuos e vão permanecer no topo das prioridades estratégicas das empresas”, prevê José Barata
O estudo, que analisa a evolução tecnológica e identifica as tendências com maior impacto nas organizações nos próximos 18 a 24 meses, antecipa entre as tendências que poderão criar oportunidades e desafios para o sector da Indústria, o “Renascimento do Core”, “Confiança Zero: Nunca confiar, verificar sempre” e “Reinventar o local de trabalho digital”.
A apresentação contou com a participação de representantes de grandes empresas como a Sonangol, Unitel e instituições bancárias.
Fonte:JA