Angola marca presença, uma vez mais, na Bienal de São Paulo, uma das mais antigas e importantes exposições mundiais de artes plásticas, depois da Bienal de Veneza. São sete obras de Paulo Kapela, representadas pela colecção Hall de Lima, visitadas desde sábado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, Brasil.
As obras de Paulo Kapela, falecido em Novembro de 2020 por Covid-19, não têm título, evocam motivos vários, como natureza social, política, espiritual e religiosa, sob a técnica de desenho, colagem, pintura sobre cartão, tela e papel.
A exposição internacional prolonga-se até 5 de Dezembro, e reúne mais de 1.100 trabalhos de 91 artistas de 39 países. No final da mostra, a curadoria da Bienal vai lançar um livro com fotos e textos sobre os artistas participantes.
O curador principal, Jacopo Crivelli Visconti, também crítico, de nacionalidade italiana, residente no Brasil, agradeceu por escrito ao coleccionador angolano Nuno Pimentel: “Caríssimo Nuno, muito obrigado pela sua dedicação e atenção ao nosso projecto. A Bienal inaugura para o público, hoje, mas a resposta de quem visitou na abertura para convidados já ultrapassa qualquer esperança, e isso certamente também pelas obras do nosso mestre Kapela.”
As obras de Paulo Kapela na 34ª Bienal de São Paulo resulta de um convite que a colecção Hall de Lima, respresentada por Nuno Pimentel e Cremilda Hall Liam, recebeu para representar Angola, com a cedência temporária de sete obras de Paulo Kapela, distinguido em 2020 com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, atribuído pelo Governo angolano.
“Desta forma, acreditamos que estamos a dignificar e eternizar o artista no circuito internacional da arte”, defende Nuno Pimentel, em comunicado de imprensa.
Em declarações ao Jornal de Angola, Nuno Pimentel reconheceu a intervenção do artista Kiluanji Kia Henda para a obtenção do convite da Bienal de São Paulo. “Fui contactado pelo curador Jacopo, que conseguiu o meu contacto por intermédio do artista Kiluanji Kia Henda.”
Por outro lado, referiu que a presença da sua colecção, na zona Sul da cidade de São Paulo, representa o reconhecimento de um trabalho que começou em 1999, há 22 anos, e “a afirmação dos artistas e da cultura angolana internacionalmente”.
O coleccionador recordou que comprou as obras de Kapela, numa altura em que o mercado angolano ainda não prestava atenção aos feitos do mestre, formado na Escola Poto-Poto, em Brazzaville, na República do Congo. “Verdade, tive a oportunidade de comprar numa altura em que havia pouco interesse…”.
Ainda neste século XXI, Angola esteve representada na Bienal de São Paulo, com obras dos artistas plásticos António Ole e Kiluanji Kia Henda.
“Faz escuro mas eu canto”
Inicialmente prevista para 2020, mas adiada por conta da pandemia, a Bienal tem como tema deste ano a frase “Faz escuro mas eu canto”, um verso do poeta amazonense Thiago de Mello, escrito em 1965. A mostra reúne mais de 1.100 trabalhos de 91 artistas de todos os continentes.
Além das obras de arte, a Bienal exibe ainda 14 “enunciados”, instalações que contam histórias com a ajuda de objectos diversos. O primeiro é composto por três objectos pertencentes ao acervo do Museu Nacional que sobreviveram de diferentes formas ao incêndio, entre eles o meteorito Santa Luzia, o segundo maior objecto espacial conhecido no Brasil.
As visitas, gratuitas, não precisam ser agendadas, mas é obrigatório o uso de máscaras e a apresentação de um comprovativo de vacinação contra a Covid-19, com pelo menos uma dose, para a entrada no pavilhão.
O público pode optar por visitas livres ou participar de visitas mediadas, que ocorrem sem agendamento e em horários fixos, além de visitas temáticas, mediadas por profissionais de diferentes áreas.
Fonte:JA