O MPLA, partido do poder em Angola, saudou ontem, o processo de condecorações dos 50 anos de independência, incluindo os signatários dos Acordos de Alvor, criticando as declarações “irresponsáveis” e “antipatrióticas” do líder da UNITA (oposição).
No comunicado final, o partido saúda as condecorações no âmbito do 50.º aniversário da independência nacional, “com realce para os signatários dos Acordos de Alvor”, exortando o seu líder e Presidente de Angola, João Lourenço, a seguir com o processo.
“Apesar das declarações irresponsáveis, inoportunas e antipatrióticas do líder da oposição, o Bureau Político encoraja o camarada Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço a seguir firme na condução de atos que proporcionem a unidade entre os angolanos”, refere-se no comunicado final da reunião, lido pelo porta-voz do partido, Esteves Hilário.
João Lourenço anunciou, na semana passada, que as condecorações vão ser atribuídas aos líderes fundadores da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Jonas Savimbi, e da Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), Holden Roberto, que, com António Agostinho Neto, presidente do MPLA e primeiro Presidente de Angola, assinaram os Acordos de Alvor.
Depois de João Lourenço anunciar as condecorações de Jonas Savimbi e Holden Roberto, que tinham sido excluídos no início, o líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior, considerou o gesto “forçado” e criticou o facto de a homenagem decorrer de um “perdão” e não por mérito.
As comemorações dos 50 anos da Independência Nacional de Angola têm sido marcadas por controvérsias em especial no que toca a Savimbi e Holden Roberto, cuja recusa inicial do MPLA evoluiu, na semana passada, para o anúncio presidencial focado na reconciliação.
Os nomes foram inicialmente propostos pela UNITA e pela FNLA e recusados pelo MPLA, tendo a lei que criou a medalha comemorativa entrado em vigor com exclusão dos líderes daqueles partidos.
Na sequência da polémica, várias personalidades foram recusando as distinções, entre críticas da oposição e da sociedade civil, até que João Lourenço decidiu anunciar que todos os signatários dos Acordos de Alvor seriam condecorados, num tributo ao “espírito de perdão, paz e reconciliação nacional”.
No comunicado, “o Bureau Político do Comité Central reafirma o seu apoio incondicional ao Camarada Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço pela sua ação na condução dos destinos do partido e do país, manifestando-se solidário com a mensagem sobre o Estado da Nação, proferida no passado dia 15 de outubro de 2025, na Assembleia Nacional”.
A reunião serviu também para a discussão do tema “Conteúdo Local a Curto, Médio e Longo Prazo – a Experiência do Setor dos Petróleos”, tendo aprovado e recomendado a sua discussão na 9.ª sessão do Comité Central, destacando-se ainda a aprovação, “para os desafios contextuais e do futuro”, do Plano de Revitalização da Escola Nacional do Partido.
O processo de condecorações já vai na sua 7.ª cerimónia para distinção de personalidades e instituições, distribuídas pelas categorias de “Classe Independência”, dedicada a figuras da luta anticolonial e da libertação nacional, e “Classe Paz e Desenvolvimento”, que reconhece contributos nas áreas da educação, cultura, economia, religião e outras.

