O ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, deve sair do cargo enquanto se esclarece um caso de alegado branqueamento de capitais em que estará envolvido, segundo investigação da televisão portuguesa TVI24.
Santos Pereira*
A grave crise económica que o país atravessa a anos, com tendência em piorar, e o crescente descontentamento popular, principalmente por parte dos jovens, estão a fazer com que as autoridades, nomeadamente a Procuradoria-Geral da República (PGR), nos últimos tempos esteja a ser bastante pressionada, tanto por sectores da sociedade, como da opinião pública em geral, por causa de casos de indivíduos que apesar de lesarem o país roubando o Estado, permanecem “intocáveis” e a desfrutar calmamente o produto dos seus crimes, assim como de processos que, no âmbito do combate à corrupção em curso no país, parece terem ficado sem efeito, mesmo em face de comprovadas evidências, e foram arquivados.
Segundo analistas, o “ponto fraco” do alegado combate à corrupção tem sido, na verdade, o cáracter selectivo em que o mesmo está “embrulhado” desde que foi despoletado, com uns a serem julgados e, supostamente, condenados, enquanto outros são “protegidos” e/ou deixados de lado como se nunca tivessem feito nada contra o país.
Por tais motivos, por demais debatidos e evidentes, a sociedade manifesta dúvidas de que as autoridades levem a cabo qualquer investigação às actividades do ministro da Energia e Água, João Baptista Borges, que está a ser alvo de um inquérito em Portugal.
A TVI24, televisão portuguesa, divulgou na quarta-feira (06),uma reportagem revelando que o Ministério Público de Portugal abriu um inquérito a João Baptista Borges por suspeitas de branqueamento de capitais e mostra como o ministro e vários elementos da sua família se envolveram em negócios ligados ao sector da energia em Angola, que passaram pela banca portuguesa.
Assim sendo, os críticos angolanos consideram que o melhor que o ministro da Energia e Águas tem a fazer é sair do cargo enquanto se esclarece o caso de alegado branqueamento de capitais em que estará envolvido.
«O mínimo que ele pode fazer para preservar a honra que ainda lhe resta enquanto servidor público, é colocar o lugar à disposição e ele próprio, voluntariamente, entregar-se às autoridades de Portugal e de Angola no sentido de se apurar a veracidade das denúncias».
Para o jornalista da Rádio Ecclesia, Salgueiro Vicente, citado pela DW África, a PGR de Angola também tem uma palavra a dizer sobre o assunto, porque, «há muito que o Ministério Público e o Governo deveriam ter entrado em cena no caso Borges, porque a TVI lhes teria pedido há vários meses para se pronunciarem sobre a investigação, mas não o fizeram».
«Há uma necessidade urgente de se fazer uma investigação clara em relação a essas questões todas sob pena de não se estar a fazer nada em relação ao combate à corrupção», diz Vicente.
De acordo com o jornalista, o caso traz novamente à tona a velha crítica ao combate à corrupção levado a cabo pelo Presidente João Lourenço, de alegada “selectividade” e acredita, que o afastamento de João Baptista Borges é a solução mais indicada neste momento: «Se, diante destas acusações de que tem sido alvo, o Governo e o Presidente não dizerem nada, penso que o ministro devia pedir a demissão até que se apurem todos os factos de que é acusado».
Recorde-se que João Baptista Borges já tem sido apontado pela imprensa angolana por alegado envolvimento em casos de corrupção envolvendo pessoas próximas a si, sobretudo familiares.
Contudo, o Ministério Público angolano nunca se pronunciou sobre qualquer acusação ou possível investigação que fosse movida às actividades de Borges. *(Com agências)
Fonte:24