A província de Malanje realiza, de hoje até ao próximo domingo, a segunda edição da Feira de Expositores Lo-cais (Expo-Malanje 2021), numa amostra do potencial económico e produtivo da província nos domínios da Agricultura, Agro-Indústria, Turismo, Infra-estruturas, Tecnologias de Informação e Comunicação, Ciência, Cultura e Serviços.
Todos os 14 municípios, produtores por excelência da mandioca, fazem-se presentes, no certame que também promete expor a ginguba, inhame, batata doce e rena, dentre outros produtos. A ideia das autoridades locais ao promoverem a segunda edição da Expo-Malanje representa o assumir da região como forte potencial agro-industrial e energético, pretendendo-se, de igual modo, atrair investimentos de qualidade e constituir-se numa bolsa de negócios.
O governador de Malanje, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, considerou o evento um espaço de interacção de actores dos mais variados sectores sociais e económicos e constitui-se num pólo agregador de valor, dinamizador das compras, vendas e celebração de contratos de fornecimento de bens e serviços, além de impulsionar a produção nacional e estimular a participação de diversos intervenientes na cadeia de valor da produção local, desde o produtor ao consumidor final.
Norberto dos Santos acrescentou que vai ser dada uma maior atenção aos derivados da mandioca com o propósito de impulsionar o surgimento de indústrias transformadoras e de confecção de produtos alimentares à base da mandioca.
Partilha de experiências
Segundo o vice-governador de Malanje para o sector Económico, Político e Social, Domingos Eduardo, trata-se de um momento para colocar Malanje na ribalta, como província-chave na Região Norte.
O governante realçou ainda o facto de o evento decorrer em simultâneo com o Congresso Internacional da Mandioca, que vai ser aproveitado para a recolha de experiências de outros países com tradição na cultura do tubérculo, casos do Brasil, Nigéria e Moçambique, que, neste momento, já transformam a mandioca em toda a sua cadeia produtiva.
Domingos Eduardo deu como exemplo em África a Nigéria que usa a farinha da mandioca em cerca de 30 por cento para a confecção de pão. Moçambique também tem uma experiência nesse sentido na produção de vários subprodutos incluindo a cerveja, a partir da mandioca.
“No entanto, a nossa intenção é também divulgar cada vez mais a cadeia desse produto, considerado um dos principais alimentos do século 21”, disse.
Produtores regozijados
Quintinha António Manuel dedica-se aos trabalhos do campo. Ela é associada da Cooperativa Kudicuatequessa, na comuna do Lombe. Com 108 associados, a cooperativa está a preparar a primeira colheita da mandioca, numa acção que conta com o apoio do Mosap II, que fornece, para além de outros apoios, semente e as respectivas estacas melhoradas. Durante o ano agrícola 2020-2021, o projecto Mosap II financiou 1 677 hectares.
Quintinha Manuel considerou que melhorou muito o seu nível de vida pois que com o excedente de produção, consegue comercializar para suportar as despesas da família. Zinha Manuel, outra associada à cooperativa Kudicuatequessa na comuna do Lombe disse que fruto da venda do bombó e do feijão, conseguiu melhorar as condições da sua casa. Adquiriu artigos para o lar, ao mesmo tempo que deu resposta às exigências dos filhos na escola.
Promoção da mandioca
A chefe da Estação Experimental Agrícola de Malanje, Lisete Sati, considerou a realização do evento uma oportunidade para o governo apostar na cultura da mandioca, pois, como disse, “para além de se usar na alimentação de cerca de 95 por cento da população angolana, é das culturas pouco exigente, principalmente em questões hídricas. Não exige muita água e resistem à seca. Então, é uma cultura que deve ser apostada”.
A interlocutora do Jornal de Angola acrescentou que a Estação Experimental Agrícola de Malanje, vocacionada na produção de semente básica, tem mais de 70 variedades melhoradas no banco de genoplasma. Tais variedades, prosseguiu, foram introduzidas a partir de algumas regiões de outros países que depois serão seleccionadas e caracterizadas, por muitas vezes existirem variedades que não se adoptam a uma determinada região ou a um determinado clima, então, “por isso é que se faz a caracterização destas mesmas variedades”, explicou.
Fonte:JA