Perto de 70 mil professores angolanos vão ser formados, até Fevereiro do próximo ano, no âmbito da implementação do Projecto Aprendizagem para Todos (PAT), anunciou, ontem, em Luanda, a sua coordenadora e gestora.
Irene Cristina Figueiredo, explicou que essas acções, com um financiamento de 75 milhões de dólares do Ban-co Mundial (BM) e cinco milhões do Executivo angolano, visam a formação de formadores, directores de escola, professores, coordenadores de classe, curso e membros de comunidades.
A responsável referiu que o projecto iniciou, em 2014, com o objectivo de melhorar a capacidade dos professores do ensino primário, no sentido de aperfeiçoar a gestão em 842 escolas e a implementação de um sistema de avaliação das aprendizagens.
Avançou que, ao longo de sete anos, desde a implementação do projecto, foram formados 20.929 professores dos 164 municípios do país, onde 78% demonstram melhorias efectivas nas suas competências.
Irene Figueiredo salientou que este ciclo de formação, iniciado ontem, será o último a acontecer no PAT I, tendo em consideração que o projecto termina a 28 de Fevereiro de 2022.
O secretário de Estado para o Ensino Secundário, Gildo Matias José, referiu que, no quadro da cooperação internacional, o Executivo firmou um acordo com o Banco Mundial, que se consubstancia no PAT, para melhorar os conhecimentos e competências dos professores e gestores de escolas.
O secretário de Estado lembrou que o Ministério da Educação tem vindo a realizar um conjunto de acções formativas, para formar mais de 46 mil agentes de vários níveis, sobretudo, na formação de formadores, coordenadores e de professores do ensino primário e secundário dos 164 municípios do país.
Gildo Matías disse que a formação é um eixo central que o ministério considera para a melhoria do desempenho de todos os docentes, uma vez que “os professores são a causa e o efeito”.
Referiu que a melhoria da qualidade do ensino é uma preocupação diária, em que o centro é o professor. “A melhoria da qualidade da educação passa, consequentemente, por uma formação inicial, com a criação de oportunidades de superação durante o exercício dos docentes na missão de ensinar”.
Escolas precárias no Cunene
Cerca de 70 por cento das escolas da província do Cunene ainda são precárias, com estruturas de pau a pique e outras em salas improvisadas debaixo de árvores, revelou ontem, em Luanda, o coordenador local da Zona de Influências Pedagógicas (ZIP).
Pelágio Silikuvomwe, que falava no quadro do I Nível de Formação sobre “Práticas de Sala de Aula em Língua Portuguesa e Matemática”, com duração de quatro dias, em que participam 104 formadores, referiu que só 30% das escolas do Cunene dispõem de estruturas definitivas.
Por causa dessa situação, reconheceu que muitos alunos que vivem na orla fronteiriça preferem emigrar para a República da Namíbia, onde encontram melhores condições para estudar.
O coordenador provincial do ZIP avançou que esse problema vai ser submetido às instâncias superiores, para análise e, com o surgimento do Projecto Aprendizagem Para Todos (PAT II), pode se inverter o quadro, por causa da construção de escolas que se adaptem à realidade das comunidades.
Pelágio Silikuvomwe defendeu que se evite a construção de escolas com cinco salas de aula, por exemplo, em localidades sem crianças em idade escolar e apostar-se em escolas evolutivas e que vão ao encontro da realidade local.
O coordenador do ZIP do Cunene denunciou alguns encarregados de educação no meio rural, por submeterem as crianças em idade escolar a caminhar longas distâncias, para cuidar do pasto do gado e a procurar água.
Outra preocupação apresentada pelo responsável tem a ver com a dispersão populacional, que remete à adopção de um modelo que pode definir estratégias de escolas itinerantes e evolutivas.
Sobre o funcionamento da ZIP, explicou que a província está a realizar algumas acções estratégicas a nível das comunidades, no sentido de reduzir o impacto negativo que se verifica, há alguns anos.
No Cunene, estão matriculados entre 270 mil a 300 mil crianças, mas as desistências chegam aos 40% nalgumas comunidades, em consequência da fome e seca.
FOnte.:JA