Angola tem mais de 30 mil crianças com necessidades educativas especiais a merecerem de um melhor acompanhamento académico, de monitorização, avaliação e observação, atendendo às suas especificidades por causa da dislexia, autismo e a sobredotação.
A informação foi avançada ontem, em Luanda, pelo sociólogo Laurindo Vieira, que falava na qualidade de porta-voz do webinar sobre “Por Uma Escola Inclusiva: A Sobredotação em Crianças e Jovens – Como Identificar e Integrar”, organizado pelo Gabinete da Primeira Dama da República, em parceria com a Faculdade de Serviço Social da Universidade de Luanda e Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti do Porto (Portugal).
Laurindo Vieira realçou que o mais importante é identificar este tipo de crianças e, para isso, são necessários especialistas, fundamentalmente no campo da sobredotação, no sentido de se levar um trabalho que visa integrá-las.O especialista em Ciências da Educação explicou que a conferência visou produzir conhecimentos, para ajudar a identificar e a compreender as capacidades cognitivas, de aprendizagem, motivação e de personalidade das crianças sobredotadas, muitas das quais espalhadas em escolas do sistema normal de ensino.
No encerramento do webinar, a Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, alertou a sociedade para uma atitude proactiva e agir precocemente junto destas crianças com necessidades educativas educacionais, com vista a serem agentes de mudança e de transformação.Ana Dias Lourenço reconheceu que há ainda um longo caminho a percorrer, o que requer um grande trabalho de consciencialização, partilha de informação,intervenção profissional e integrada, no que toca à temática.
A Primeira-Dama considerou esse caminho como um trajecto que deve ser solidário ao nível das famílias, estruturas educativas, serviços de apoio social, decisores políticos, legisladores e, sobretudo, da sociedade.Para Ana Dias Lourenço, o mais importante é sensibilizar profissionais e instituições que têm responsabilidades no sector educativo e social para estas temáticas. “Estamos satisfeitos, mas não conformados”, disse.
Conhecimento científico
“A mudança que pretendemos é dotar a sociedade de conhecimento científico sobre as necessidades educativas especiais, promover a inclusão destas crianças no ensino escolar e na vida activa”, disse Ana Dias Lourenço.Neste contexto, salientou, o desafio permanente dos educadores é, não só saber identificar as diferenças, como, também, encontrar as estratégias mais eficazes para trabalhar com essas crianças, no sentido de desenvolverem todas as suas potencialidades, capacidades e aptidões, desde a tenra idade, conjugando o binómio família-escola.
“É importante que a família se sinta apoiada pela escola e que saiba que pode encontrar nela, em integração com os serviços de apoio social, profissionais que a podem ajudar a perceber quando a sua criança é diferente”, realçou.
Ana Dias Lourenço acrescentou que a resposta da escola à criança com necessidades educativas especiais tem de envolver a família, para que a estratégia de intervenção junto delas seja promotora de desenvolvimento psicomotor, cognitivo e social simultaneamente.Sublinhou que os pais, educadores, sociedade, decisores e legisladores devem lutar contra os medos e a inércia, desde logo, pela partilha de informação e consciencialização, até à intervenção profissional consciente no terreno.
“Só desta forma conseguiremos combater a exclusão e a discriminação das crianças com necessidades de apoio especial da sociedade, promover a sua integração, primeiro no contexto educativo e, depois, no mercado laboral”.Durante o webinar, especialistas de Portugal e Brasil defenderam mais e maiores investimentos e estímulo no que toca à atenção as crianças e jovens sobredotados.
O webinar realizou-se no âmbito da preparação da 2ª Conferência do Ciclo Educar para a Cidadania, que terá lugar em Novembro próximo, sob o lema “Por uma Escola Inclusiva – Intervenção ao Nível do Autismo, Dislexia e Autismo, Dislexia e Sobredotação”.
Fonte:JA