A exposição “Mendes Ribeiro e a cidade de Luanda” foi inaugurada na noite de segunda-feira, no Palácio de Ferro, numa realização de familiares e amigos do artista, inserida nas festividades dos 446 anos da cidade capital, assinalados esta terça feira (25).
A exposição junta vinte obras, que ficam patentes até ao dia 10 de Fevereiro, nas quais o artista pinta lugares e gentes de Luanda, cidade que o acolheu e adoptou. No Palácio de Ferro, os visitantes podem ver as obras expostas pintadas com realismo e detalhes, personagens que marcam a cidade. Encontram as peixeiras e manifestações culturais, como o Carnaval, ainda passear pelas ruas do Casuno, dos Mercadores, do São Paulo, das Flores, do Bairro do Maculusso, da Calçada do Pelourinho e observar residências antigas.
O traço de Mendes Ribeiro não ficou indiferente às construções das igrejas católicas, presente da arquitectura luandense colonial, tais como: a dos Remédios, Nossa Senhora da Ilha do Cabo e Carmo. De referências antigas é possível observar o Museu da Antropologia, Casa da Moeda, Estação da Cidade Alta e Observatório Meteorológico, grande parte delas pintadas em aguarela e produzidas entre 1984 e 2004.
A inauguração foi prestigiada pela secretaria de Estado da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, pela presidente da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, Maria Antónia Nelumba, pela vice-mayor da cidade de New Newark, Lígia Freitas, pelos embaixadores Sita José e Tony da Costa Fernandes, em re-presentação do Comité Nacional da Bienal de Luanda e ResiliArt, respectivamente.
Ao dirigir-se aos convidados, Petruska Ribeiro, filha do artista plástico, realçou: “Pai, juntamo-nos para falar de ti e para ti, para falarmos dos 446 anos da nossa cidade por ti pintada de vários ângulos, tornando-a cada vez mais histórica e bela, que paira inclusive por outras latitudes também pelos auspícios da arte que te tornou embaixador entre tantos embaixadores da nossa cultura, da nossa cidade, do nosso país”.
Petruska Ribeiro destacou o legado, a persistência em ensinar, dentre outras qualidades do artista plástico que também navegava na música, muito ecléctico nesta vertente, conhecido como um fadista nas noites de Luanda.
Na nota de apresentação da exposição, assinada pelo amigo e artista plástico Álvaro Cardoso escreveu: “Luanda e os seus encantos, desperta a inspiração de gente que nasce, vive e, a visita. Esta Luanda de encontros e reencontros que, o nosso artista Mendes Ribeiro “Nito” conhecia desde o Bairro Operário, Cuca, Baixa, Cidade Alta e tantos outros vislumbres como a Ilha do Cabo, fontes para o diálogo interactivo, onde o traço do desenho e pinceladas deram vida a telas e papeis de 300g (aguarela), durante a vida deste pintor, como munícipe apaixonado pela sua cidade e sua gente”.
A exposição “Mendes Ribeiro e a cidade de Luan-da” partilha o espaço do Palácio de Ferro com a mostra colectiva “ResiliArt An-gola” e será visitadas por estudantes de escolas públicas de Luanda, que participarão em oficinas criativas em artes plásticas e música. Também estão reservadas duas palestras uma com o coleccionador Nuno Pimental e outra com o artista plástico Alvaro Macieira.
Firmino António Mendes Ribeiro nasceu no Sumbe, Província do Cuanza-Sul, aos 25 de Agosto de 1941 e morreu aos 22 de Janeiro de 2021. Desde os primeiros meses de vida passou a residir em Luanda, onde fez os seus estudos primário e secundário. Depois de ter trabalhado vários anos como contabilista e músico, optou pelas artes plásticas. Participou em actividades clandestina na luta pela Independência Nacional, como membro de uma das células existentes em Luanda. Publicou vários catálogos desenhando figuras do nacionalismo angolano e outras de dimensão internacional, o que lhe granjeou uma menção honrosa por parte do Dr. António Agostinho Neto, na altura como presidente do MPLA. Membro efectivo da União Nacional de Artistas Plásticos (UNAP), onde por vários anos foi presidente do Conselho Fiscal.
Festival de música e dança anima “festas da cidade”
A terceira edição do Festival de Música e Dança, denominado “Cantares da Terra”, foi realizada na tarde de segunda-feira, no Centro Recreativo e Cultural Kilamba, inserido nas festividades do dia da Cidade de Luanda, ontem comemorado.
Com o recinto completamente preenchido, cinco grupos dos distritos da Maianga, Sambizanga, Prenda e Ngola Kiluanje proporcionaram momentos de euforia e vibração, pelo empenho e animação dos artistas no palco. A iniciativa foi da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda.
Foram duas intensas horas preenchidas com canções, música e teatro que fazem parte do imaginário cultural de Angola, nas suas mais diversas manifestações. O foco principal dos grupos não era necessariamente conquistar o prémio principal, mas mostrar a sua face artística.
No final, o júri, presidido pelo conceituado cantor Dom Caetano, decidiu atribuir o prémio principal a Companhia de Dança do Sambizanga.
O festival foi prestigiado pelas presenças da Presidente da Comissão Administrativa da Cidade de Luanda, Maria Antónia Nelumba, os administradores distritais do Rangel, Nádia Neto, do Ngola Kiluanje, Nelson Muwongo, da Samba, Gabriel Júlio, e da Maianga, José de Oliveira.
As festividades prosseguiram ontem, no espaço Prova D’Arte Miramar, com um encontro-convívio com a sociedade luandense, no qual se destacaram conversas com os mais velhos Carlos Lamartine, Cirineu Bastos e Roldão Ferreira.
Fonte: JA