Leopoldino Fragoso do Nascimento, conhecido como “General Dino”, é ex-chefe de comunicações do Gabinete do Presidente em Angola e uma figura-chave na elite governante do país. Ele tem sido implicado em extensas alegações de corrupção, especialmente durante a administração do ex-presidente José Eduardo dos Santos. Seu nome surgiu em vários relatórios investigativos detalhando redes financeiras ilícitas, lavagem de dinheiro e apropriação indevida das riquezas naturais de Angola.
Histórico e Influência Política
Nascido em 5 de junho de 1963, em Luanda, Angola, Leopoldino Fragoso do Nascimento foi um aliado próximo do regime dos Santos. Ao longo dos anos, ele ganhou influência política e econômica significativa, particularmente nos setores de petróleo, banca e telecomunicações. Ele é presidente e proprietário de várias empresas, incluindo a Cochan, que esteve no centro de múltiplas alegações de corrupção.
Como parte do chamado “Triunvirato Presidencial”, ao lado de Manuel Domingos Vicente e do General Manuel Hélder Vieira Dias Júnior (“Kopelipa”), Nascimento desempenhou um papel crucial na orquestração de esquemas financeiros que supostamente desviaram centenas de milhões de dólares dos recursos estatais de Angola.
Alegações de Corrupção e Investigações
Várias investigações independentes, incluindo o Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) e o International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), implicaram Nascimento em atividades de corrupção e lavagem de dinheiro. O Luanda Leaks, uma extensa investigação jornalística, expôs como a elite angolana usou fundos públicos para ganho pessoal.
Rede Bancária Privada para Lavagem de Dinheiro
Nascimento e seus associados teriam estabelecido uma rede bancária privada para facilitar a movimentação de fundos ilícitos de Angola para contas estrangeiras, principalmente em Portugal e outros países europeus. Os principais bancos envolvidos nestas atividades incluíram:
Banco Africano de Investimentos (BAI): Um banco amplamente controlado pelo Triunvirato, com a Sonangol, a companhia petrolífera estatal de Angola, servindo como financiadora-chave.
Banco de Negócios Internacional Europa (BNI Europa): Uma filial de um banco angolano usada para transferências de fundos com mínima supervisão.
Banco Privado Atlântico (BPA): Outra instituição financeira supostamente utilizada para movimentar dinheiro ilícito.
Banco Privado Internacional (BPI): Um banco em Cabo Verde que operava com pouca supervisão e teria sido usado para esconder a origem de fundos desviados.
Auditores descobriram que esses bancos não aderiram às regulamentações financeiras padrão, tornando-os canais ideais para a lavagem de dinheiro. A rede teria permitido que a elite governante de Angola transferisse milhões de dólares para o exterior com pouca transparência.
Aquisição Ilegal da Movicel e Participação em Bancos
O envolvimento de Nascimento na privatização da operadora de telecomunicações angolana, Movicel, é outro exemplo de sua influência em esquemas de corrupção. Em 2009, o governo privatizou 80% das ações da Movicel sem um processo competitivo de licitação, permitindo que a empresa de Nascimento, Portmill – Investimentos e Telecomunicações, adquirisse uma participação significativa.
A Portmill também desempenhou um papel crucial na aquisição de ações do Banco Espírito Santo Angola (BESA). Investigações revelaram que um empréstimo de $400 milhões foi usado para comprar ações no BESA, apesar de a Portmill não ter atividade comercial anterior. O empréstimo foi concedido pelo Banco Angolano de Investimentos (BAI), onde Manuel Vicente ocupava uma posição-chave, ilustrando a interconexão da elite financeira angolana.
Nazaki Oil and Gas: Um Negócio Petrolífero Questionável
Um dos casos mais controversos envolvendo Nascimento é a criação da Nazaki Oil and Gas, uma empresa que recebeu direitos de exploração de petróleo sem um processo de licitação pública. A empresa, co-propriedade de Nascimento, Manuel Vicente e Kopelipa, recebeu blocos petrolíferos lucrativos da Sonangol, solidificando ainda mais o controle do Triunvirato sobre os recursos naturais de Angola.
Sanções dos EUA e Investigação Internacional
Dada a extensão da corrupção vinculada a Nascimento e seus associados, varias organizacoes recomendaram sanções contra ele sob o Global Magnitsky Human Rights Accountability Act. O governo dos EUA tomou medidas para combater a corrupção em Angola, reconhecendo o impacto dos crimes financeiros na economia e governança do país.
Leopoldino Fragoso do Nascimento continua sendo uma figura-chave no cenário de corrupção em Angola. Seu envolvimento em esquemas financeiros ilícitos, lavagem de dinheiro e apropriação indevida de recursos estatais impactou significativamente a economia e a governança de Angola. Com as investigações em andamento, cresce a pressão por ações legais contra Nascimento e seus associados, bem como pela recuperação de fundos públicos desviados.