Os esforços de um grupo de jovens têm sido compensados com a participação da juventude local, ávida de aumentar os conhecimentos culturais, académicos e sobre a história ancestral local.
O Centro Cultural Dr. António Agostinho Neto, em Catete, testemunhou, recentemente, mais uma iniciativa do “Clube dos Amigos de Catete”, que pela segunda vez consecutiva, e agora em parceria com a Fundação Dr. António Agostinho Neto (FAAN), o encerramento de uma acção formativa em “Caligrafia”, “Oratória” e “Técnicas de Xadrez”.
A formação foi ministrada por técnicos jovens locais, num conjunto de actividades programadas de 24 de Outubro a 28 de Novembro, dirigidas aos adolescentes e jovens de Icolo e Bengo. De acordo com o promotor da iniciativa, o jurista Aguinaldo Pedro, participaram no curso de Oratória 58 jovens entre estudantes e trabalhadores, no de Caligrafia um total de 42 pessoas, enquanto no curso de Xadrez participaram nove jovens, que concluíram os respectivos cursos com êxito.
A formação, disse, foi ministrada aos finais de semana, numa carga horária de duas horas. Embora exista uma grande disponibilidade e vontade dos jovens, em produzirem em prol do crescimento da região, lamentou o facto dos parcos recursos financeiros e os exíguos espaços socioculturais como sendo um impasse para desenvolvimento da região.
Para Aguinaldo Pedro, o desenvolvimento de qualquer sociedade passa por apostar no potencial da juventude e na construção das próprias infra-estruturas locais, em todos os sectores sociais, sobretudo o cultural, por conseguir ocupar os tempos livres da juventude de forma salutar.
A actividade esteve inserida nas celebrações do 99º aniversário da ascensão da vila de Catete a sede do município de Icolo e Bengo, no dia 15 de Novembro de 1921, mediante decreto exarado pelo então governador-geral de Angola, general Norton de Matos.Os formandos em Oratória, explicou, desenvolveram um breve trabalho de investigação científica, que foi apresentado na ocasião, e teve como objectivo recolher e relatar aspectos dos períodos pré-colonial, colonial e pós-colonial, na vila de Icolo e Bengo.
Por sua vez, o director do Centro Cultural Dr. António Agostinho Neto, Isaías Cristóvão, felicitou a juventude local pela iniciativa, que tem possibilitado massificar as artes no município. “O centro tem sido o suporte da juventude dentro dos programas culturais, por forma a ajudá-los a aumentar os conhecimentos sobre a vida e obra do Primeiro Presidente de Angola e de outros aspectos ligados com a vida social”.
Subsídios
Segunda a directora da FAAN, Cherone Campos, a instituição tem procurado incentivar programas do género que contribuam para o desenvolvimento intelectual da juventude local. A responsável ressaltou que são estas iniciativas que ajudam a promover o desenvolvimento das comunidades e da juventude.
Sobre o valor histórico, sociológico, antropológico e documental da obra “Angola Colonial fotografada por Missionários Metodistas”, da autoria do médico norte-americano Paul Blake, filho de missionários metodistas que estiveram ligados à génese do Metodismo em Angola, Cherone Campos disse que ela retrata a história do povo angolano.
O livro, destacou, abre uma janela sobre um passado de frágil memória e traz ao conhecimento público novos factos da história angolana. “A partir do livro vamos poder conhecer mais sobre a história do país que nos conduziu até aos dias actuais.”
Momento de debates
Com a apresentação da obra “Angola Colonial fotografada por Missionários Metodistas”, o escritor Dias Neto, vencedor da última edição do Prémio Literário Sagrada Esperança, com o livro “A Festa dos Porcos”, fez uma pequena dissertação sobre a mesma.
De acordo com o palestrante, o livro, escrito em português e inglês, narra a história da Igreja Metodista em Angola durante a época colonial. Editada pela FAAN, a obra integra a sua colecção “Novo Rumo”.O livro, destacou, está dividido em seis capítulos e inclui 523 fotografias tiradas por 25 fotógrafos missionários metodistas, sendo Herbert Withey (1885-1937) e William Dodson (1885-1915) os primeiros a chegarem a Angola, em 1885, e Loyd Schaad (1948-1969) o último a abandonar o país.
Durante a apresentação, referiu que o livro tem na página 26 um mapa que indica a região das primeiras missões metodistas em Angola, na página 194 há o registo do livro de visitas da família Blake que assinala a passagem do Dr. Agostinho Neto por sua casa, em Dumont, Nova Jersey, nos EUA, a 7 de Janeiro de 1963, no qual se nota que Agostinho Neto já estava em Léopoldville, no Congo.
Fonte: JA