INDJAI MAMANDIN / BISSAU
O jornalista guineense, Lassana Cassama, descreveu a atual situação política na Guiné-Bissau, dizendo que se “tornaram-se no ninho privilegiado para os delinquentes, incompetentes, preguiçosos e arruaceiros”.
A realidade, segundo o académico, “envergonha”, pelo que apelou, “algo tem de ser feito”. Num artigo publicado na sua rede social Facebook este domingo, 30 de novembro, Cassamá sublinhou que “o homem guineense já não se importa com os valores ou princípios”.
“O homem guineense tornou-se num ‘animal’ extremamente perigoso em nome do bem-estar próprio. Todos rogam-se no direito de poder assumir qualquer cargo no Estado, mesmo sabendo [o próprio] que não tem competências, instruções ou preparação para tal. Bom, o problema aqui não se resume apenas a quem é nomeado, mas quem nomeia quem.
É a tal vulgarização e impreparação das pessoas que indicam e que são indicadas para os cargos públicos, uma situação que temos vindo a alertar há muito tempo”, escreveu. A Guiné-Bissau vive nos últimos dias numa tensão político-militar, que depôs Umaro Sissoco Embaló no decurso das eleições gerais, que só restava o apuramento nacional e divulgação dos resultados eleitorais. Cassamá, no seu artigo, recuou-se a lembrar de “conspirações, intrigas, perseguições, traições, sequestros, torturas, assassinatos”.
Para ele, “o que tem acontecido nos últimos tempos é profundamente preocupante e assustador”. “Temos banalizado a função do Estado ao ponto de ignorar, por completo, o básico”, disse o jornalista guineense, referindo-se ao PERFIL de quem deve ser a nossa dianteira. E, justamente, sobre este particular, já experimentamos o tal paladar e estamos ainda a experimentá-lo”, descreveu.
De acordo com o académico, “hoje, o país está a ferro e fogo, por conta das nossas próprias opções em legitimar e dar respaldo às pessoas que praticam atos transgressivos às normas sociais e legais. Estamos tão presos – sinal e prova do Síndrome de Estocolmo – ao ponto de idolatrar os nossos próprios carrascos, que nos têm tirado a paz, o amor e a convivência social que sempre nos caracterizou, enquanto um povo com diferentes religiões, etnias e classes sociais”.
“A política é uma ciência e para o bem. Em consequência, a governação é feita de visão, estratégia e planificação. Daí que o improviso, o impulso e a emoção não se alinham com uma boa governação”, lê-se.
Para o jornalista guineense, “a sociedade precisa ser sensibilizada e mobilizada para censurar, de forma incisiva, gente que só consegue navegar nestas águas turvas à margem das regras. Os chamados ‘ESTRATEGAS E MINISTROS DE TRANSIÇÃO'”. “São pessoas desprezíveis e, por isso, devem ser renegadas e não premiadas pela sociedade. Pois, seria a única forma de as desmobilizar, deixando o país RESPIRAR um pouco”, anotou.

