Jornalismo de investigação debatido ontem em Luanda

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A falta de competência científica por parte de muitos jornalistas e de financiamento foram apontados, ontem, em Luanda, pelo economista Carlos Rosado, como os principais obstáculos do jornalismo de investigação em Angola.

Segundo o economista, que falava na Conferência Nacional sobre Liberdade de Imprensa e Acesso à Informação em Angola, realizada pela Rádio Ecclésia e o Sindicato de Jornalistas Angolanos (SJA), em termos de jornalismo de investigação a Comunicação Social está numa “penúria”.

Carlos Rosado disse que, apesar de vários jornalistas possuírem licenciaturas em Comunicação Social e Jornalismo, nota-se, ainda, um défice em termos de competência científica por parte de muitos profissionais.

Convidado para dissertar o tema “Por que há poucos profissionais dedicados ao jornalismo de investigação em Angola”, Carlos Rosado disse que existem profissionais a exercer a actividade há muitos anos, mas que ainda apresentam grandes dificuldades.  

Carlos Rosado referiu que o défice que se verifica na Comunicação Social também ocorre em outros sectores, como, por exemplo, do Interior, Saúde e Justiça. No entender do prelector, o jornalismo de investigação exige um jornalista competente.  

Os jornalistas, referiu o economista, devem ter o domínio da língua portuguesa escrita e falada, para depois terem a capacidade suficiente de escrever, investigar ou narrar uma reportagem que tenha uma sequência de factos.

Em relação à falta de financiamento destinado à investigação, Carlos Rosado afirmou que em Angola não existem empresários ou accionistas do sector da Comunicação Social que financiem os jornalistas que queiram se dedicar ao jornalismo de investigação.Segundo Carlos Rosado, as empresas públicas têm dito valores para esse fim, mas, na realidade, não são alocados para uma investigação verdadeiramente jornalística, como o caso do “Banquete” da TPA.
Falta de conhecimento da sociedade angolana

O jornalista Rafael Marques, que também interveio no tema “Por que há poucos profissionais dedicados ao jornalismo de investigação em Angola”, disse que além da falta de competência por parte de muitos jornalistas há também a falta de conhecimento da sociedade.

Rafael Marques afirmou que existem jornalistas que não conhecem a realidade da sociedade angolana e querem que os outros assumam as suas responsabilidades no exercício da actividade jornalística de investigação e não só. 

“Há uma desorientação em quase todos os angolanos em não assumir as suas responsabilidades, alegando a falta de apoio, tempo e de dificuldades na obtenção das fontes”, sublinhou o jornalista de investigação.Rafael Marques questionou-se pelo facto de existirem mais de três mil jornalistas em Angola, mas apenas cinco ou dez dedicados ao jornalismo de investigação. 

 A Conferência Nacional sobre Liberdade de Imprensa e Acesso à Informação em Angola, que terminou ontem, foi realizada pela Rádio Ecclésia e o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), em pareceria com a União Europeia. 

Em dois dias de debate, os participantes analisaram temas como “Liberdade de Imprensa e Acesso às Fontes de Informação em Angola”, “Apresentação do estudo temático sobre a situação nas províncias de Cabinda, Benguela, Luanda, Lunda-Sul e Namibe”. 

Estiveram, também, em análise assuntos ligados ao “Pacote Legislativo da Comunicação Social: facilidade e limitações no acesso à informação” , “Liberdade de imprensa em Angola”, “Mecanismo de defesa e melhoria do exercício da actividade jornalística” e “Jornalismo de Investigação em Angola: experiências, obstáculos, perspectivas e desafios”. 

Participaram na conferência jornalistas de órgãos públicos e privados das 18 províncias do país, deputados à Assembleia Nacional, bem como representantes do Ministério do Interior e da União Europeia.

Fonte:JA

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