João Lourenço resolveu muitos problemas na UNITA: O Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, no poder desde 2017, trouxe reformas que, seguidas e implementadas ponto por ponto, lhe conferiria troféus, dentre os quais o de promotor da verdadeira reconciliação nacional.
Júlia Santos |Na Mira do Crime
No quadro da reconciliação, embora ainda se resmungue, em quatro anos, fez o que o seu antecessor não fez em 15 anos: autorizar o funeral condigno do líder fundador da UNITA, Jonas Malheiro Savimbi, do antigo Chefe Adjunto do Estado Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), General Arlindo Isaac Chenda Pena ‘Ben-Ben’ (sobrinho de Savimbi) e, mais recentemente, a criação da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP).
Ninguém disse, até ao momento, que reconciliação significa enterrar condignamente os mortos, mas, em África, esse gesto é significativo e revestido de simbolismo.
Ainda que ao nível do partido onde essas figuras fizeram obra se pense poder-se-ia feito mais, as famílias das vítimas aplaudem incessantemente o gesto de João Lourenço.
O presidente encurtou o período de suspense das famílias que há muito desejariam “enterrar condignamente os restos mortais dos seus ente -queridos”.
Ao tornar realidade este sonho, recebe-se elogios de todos os cantos.
As famílias de Jonas Savimbi, que são as mesmas de Salupeto e seu irmão Ben Ben, não pouparam elogios ao Chefe de Estado, assinalando que com o enterro dos seus familiares, a mágoa tinha baixado de “voltagem”.
Agora, as famílias do antigo Secretário-Geral do Galo Negro, Adolosi Mango Alicerces, se juntam aos elogios.
Nem mesmo as incongruências provocadas pelo general na reforma, Pedro Sebastião, enquanto Ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da República, no processo do funeral de Pedro Sebastião, esvaziaram a boa impressão que se tem de João Lourenço, no campo da Reconciliação Nacional.
A partir do dia 17 de Fevereiro, a UNITA inicia as cerimónias fúnebres de Salupeto Pena e Adolosi Mango Alicerces, processo viabilizado pela Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos.
A UNITA, criou, a propósito uma missão organizadora desse processo.
Embora esteja em curso o processo de identificação dos restos mortais de Jeremias Chitunda e Eliseu Chimbili, outros dirigentes da UNITA mortos em Luanda, em 1992, o arranque dessa actividade foi, a todos os títulos digna de realce.
João Lourenço criou a comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos não apenas para agradar a UNITA, mas também os seus correligionários mortos pelos seus próprios militantes, como aconteceu em 1977. E outros mais.
A UNITA, também tem a sua responsabilidade neste processo porque, durante o conflito, algumas figuras no partido foram sacrificadas, devendo, nesta altura, facilitar a localização dos seus restos mortais, para que seus familiares também realizem funerais condignos.