Íntegra do discurso do Presidente da República no fórum de investimentos em Accra

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O Presidente da República, João Lourenço, voltou a defender esta terça-feira (3), a necessidade de se mudar o velho paradigma de se olhar para África como um “continente potencialmente rico” devido aos seus abundantes recursos naturais, porque é hora de tornar a região “realmente rica”, para que os seus povos vivam melhor.

A tese, já sustentada ontem em Accra num momento com a imprensa no Palácio Presidencial do Ghana, foi desta vez referida na abertura do Fórum de Investimentos em Angola organizado na sede do Secretariado da Zona de Livre Comércio Continental Africana, na capital ghanense, no segundo e último dia da visita de Estado a este país da costa ocidental de África.

Eis o discurso do Presidente da República no Fórum:

Excelentíssimo senhor Alan Kyerematen, Ministro do Comércio e Indústria da República do Ghana,

-Excelentíssimo senhor Wamkele Mene, Secretário-Geral da Zona de Comércio Livre Continental Africana,

-Distintos Empresários e Investidores,

-Distintos Convidados,

-Minhas Senhoras e meus Senhores

Acedi ao convite que me foi formulado para participar neste Fórum de Investimentos que se realiza por iniciativa do Secretariado-Geral da Zona de Comércio Livre Continental Africano, em que estão presentes Investidores de várias proveniências, que já realizam negócios no nosso continente e estarão certamente interessados em expandi-los.

Gostaria de expressar os meus agradecimentos ao senhor Secretário-Geral da Zona de Comércio Livre Continental Africana por esta iniciativa que permitiu reunir, sob a égide desta promissora organização continental, um considerável número de empresários que se têm revelado dinâmicos e activos, na concretização de empreendimentos importantes, desempenhando assim um papel impulsionador do desenvolvimento de África, que é digno do nosso maior apreço.

Sinto-me honrado por ser o primeiro Chefe de Estado a efectuar uma visita oficial à esta sede e a tomar parte no primeiro Fórum de Investimentos realizado na sede da Zona de Comércio Livre Continental Africana, no qual tenho o privilégio de abordar em breves palavras as vastas possibilidades de investimentos em Angola.

Excelências

Distintos Empresários

Minhas Senhoras e meus Senhores

O Governo angolano tem vindo a tomar um conjunto de medidas fundamentais, de modo a simplificar os procedimentos para tornar o ambiente de negócios em Angola mais atractivo, mais previsível e mais seguro, o que tem levado a uma grande procura do nosso mercado por investidores privados, que têm vindo a reconhecer os significativos avanços registados neste domínio.

É neste contexto de modernização da estrutura para a realização de negócios em Angola que gostaria de vos encorajar e convidar a encarar as oportunidades de investimentos que o nosso país oferece em vários domínios, com destaque para a agropecuária, a silvicultura, as pescas, os recursos minerais, a indústria transformadora, o comércio, a energia e águas, a construção, os transportes, as telecomunicações, a hotelaria e o turismo, entre outros.

A par dos sectores a que fiz referência, coloco ênfase em investimentos na área da indústria de produção de materiais de construção, na indústria têxtil, de vestuário e calçado, na produção de tractores, de alfaias e outros equipamentos agrícolas, na indústria de produção de sementes e defensivos para a agricultura, na indústria de processamento de pescado e nos transportes, com especial realce para os transportes marítimos.

Sei que, de entre as empresas presentes neste fórum, algumas já estão a operar no mercado angolano, concordando comigo que Angola é um bom destino para investimentos.

Por isso mesmo, peço aos senhores empresários presentes que acreditem no potencial da economia e do mercado angolano, a partir do qual as perspectivas de expansão dos vossos negócios para outros mercados continentais são amplamente animadoras, tendo em conta as infraestruturas logísticas de que o país dispõe e as facilidades que derivam da entrada em funcionamento da Zona de Comércio Livre Continental Africana.

Além de tudo isso, Angola tem disponível um pacote de empresas e activos públicos que estão num processo de privatização, no todo ou em parte, pelo que convidamos os investidores presentes neste fórum a participarem dos concursos internacionais em curso.

Os empresários angolanos estão igualmente interessados em investir não só no Ghana, como em outros países africanos e interessados em colocar no mercado africano o que é produzido e transformado em Angola.

O livre comércio a nível do nosso continente é um velho sonho que pode começar a se tornar realidade se todos os nossos países se empenharem na concretização desta ambição.

Encorajamos o Secretariado da organização, cuja sede se encontra precisamente nesta cidade de Accra, a apresentarem estudos e projectos realistas e credíveis aos estados africanos, via União africana e outros fóruns deliberativos.

Temos perfeita noção do longo caminho a percorrer até se conseguir tornar fluído o livre comércio entre nós. Precisamos de explorar ao máximo as potencialidades do nosso continente, para fazermos dele não apenas potencialmente rico, mas realmente rico e que beneficie os seus povos.

Precisamos de fazer importantes investimentos em infraestruturas, na produção de energia eléctrica, para promover a industrialização das nossas matérias-primas, nas estradas nacionais e auto-estradas, nos caminhos-de-ferro, nos portos e aeroportos, para garantir a interligação entre os nossos países, o que facilitará a livre circulação das pessoas e das mercadorias, tornando o comércio entre nós mais simples, rápido e lucrativo.

Milhões dos melhores filhos do nosso continente foram levados como escravos para outros continentes, onde com o seu suor e força física explorada ao extremo, construíram as economias da Europa e das Américas.

Contra isso lutamos e vencemos, conquistando a Independência de nossos países.

Mas nem tudo está feito; enfrentamos hoje o desafio do desenvolvimento económico e social de nossos países, importa que as abundantes matérias-primas de que nossos países dispõem sejam transformadas localmente, garantindo valor acrescentado para os tornar mais competitivos no mercado internacional e, sobretudo, para criar os postos de trabalho para os nossos cidadãos nacionais.

Precisamos de desenvolver o nosso continente, para acabarmos com a triste realidade de ver os nossos jovens a refazer as mesmas rotas marítimas antes feitas por seus antepassados na condição de escravos, a enfrentar hoje voluntariamente as águas do Mediterrâneo mesmo com o risco da perda das suas próprias vidas, na busca de emprego e de melhores condições de vida.

Tudo isso para dizer que depositamos uma grande esperança no sucesso desta Zona de Livre Comércio Continental Africana.

Muito Obrigado!

Fonte:JA

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