Habitantes da Ilha de Luanda preferem as longas-metragens

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As curtas-metragens exibidas no projecto Quartas de Cinema, no auditório Wiza, deixam os espectadores insatisfeitos, porque dificilmente compreendem a história, cuja duração não atinge 30 minutos.

As Quartas de Cinema tiveram início no mês passado com duas curtas, “O Plano do Rei” e “A Testemunha”, e uma longa-metragem, “Chaduka”, sendo os três filmes do realizador Ngouabi Silva.

A exibição começa às 18h00, os cinéfilos que chegam atrasados não conseguem assistir ao filme se for uma curta-metragem, com menos de 20 minutos, como aconteceu nos dias em que foram exibidos “O Plano do Rei” e “A Testemunha”, que encerrou, dia 29 de Julho, o programa do mês passado.

Na Europa, uma curta-metragem não excede os 30 minutos, já nos Estados Unidos, nesta categoria os filmes podem ter 40 minutos no máximo, enquanto no Brasil as curtas-metragens não ultrapassam 15 minutos. Por isso, a maioria dos festivais internacionais de curtas-metragens utiliza como referência 30 ou 40 minutos.

Camilo Lemos, da Fundação Arte e Cultura, informou que os espectadores que, semanalmente, acorrem ao auditório Wiza, entre crianças, jovens e adultos “viram as suas expectativas frustradas, pois, no momento em que estavam a viajar pela trama do filme, assustaram-se com o surgimento da legenda de créditos finais. Todos começaram a resmungar: “Oh, já acabou! Assim mesmo?”

Adiantou que, no momento de perguntas e respostas a maioria disse não ter percebido a história do filme. “Esta realidade mostrou-nos que ainda temos muito caminho a percorrer para mudar o quadro, para elevarmos a literacia cinematográfica em Angola. Foi uma realidade que também nos ensinou sobre a preferência do nosso público”, disse Camilo Lemos, da Fundação Arte e Cultura, sobre a projecção de “A Testemunha”, de 18 minutos, porque as pessoas pretendiam permanecer no local por mais tempo, apreciar e compreender muito bem a história.

Há 20 anos que a produção de curtas-metragens aumentou no mercado do cinema mundial, em algumas situações optou-se pela produção de seriados cujos episódios têm como duração máxima 30 ou 40 minutos.

Em Angola, as curtas-metragens vigoraram no período áureo do cinema angolano, entre 1975 e 1985, com a produção em série de documentários pelo então Laboratório Nacional de Cinema (LNC) e pela Televisão Pública de Angola. As curtas-metragens de ficção estão a se tornar, há um ano, uma aposta dos realizadores da quarta geração, sobretudo, neste fase em que se vive a pandemia da Covid-19.

Ngouabi Silva é, entre os realizadores da quarta geração, o profissional da sétima arte apostado em lançar, regularmente, filmes de curtas-metragens, “porque racionalizamos os recursos financeiros, e tempo, desde a concepção do projecto até à sua consolidação, com a realização do filme”.
O projecto  resulta de uma acordo de trabalho entre a Fundação Arte e Cultura e a Associação Angolana dos Profissionais de Cinema e Audiovisual (Aprocima), para um período de 12 meses, e congrega três projectos, “Quartas de Cinema”, “Futuro Cineasta” e “Kambas do Cinema”.

Em Quartas de Cinema, actividade semanal, há exibição de filmes dos membros da Aprocima, bem como de obras patrimoniais quer de autores nacionais quer de cineastas africanos, sendo as entradas livres. Este mês, as Quarta de Cinema, e a exibição em “Kamba do Cinema” vão estar em cartaz os filmes do cineasta Asdrúbal Rebelo, profissional da TPA, e um dos poucos da primeira geração que continua no activo.

Fonte:JA

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