Galeria Jahmek vence prémio em Feira de Arte em Madrid

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A galeria angolana Jahmek Contemporary Art é uma das vencedoras do Prémio Opening, da Feira de Arte “Arco Madrid” 2021, pela instalação “Hope as a Praxis”, de Sandra Poulson, e “How to Make a mud Cake”, de Helena Uambembe.

O prémio, que classifica o melhor stand da feira, foi atribuído também a galeria Turca The Pill. Na feira, que encerrou ontem, depois de ter sido aberta no dia 7, Sandra Poulson apresentou “Hope as a Praxis”, uma instalação que investiga a utilização e simbologia das cadeiras de plástico conhecidas como “espera condição”. O projecto centra-se na prática da esperança contínua como um recurso essencial para a sobrevivência, num contexto sociocultural e histórico em que planear a longo prazo ainda é um desafio central.

A instalação de Sandra Poulson compreende 17 iterações de cadeiras em processo de quebra. As cadeiras são feitas de tecido de cetim verde e foram modeladas, costuradas e endurecidas com base na cadeira de plástico.
“Hope as a Praxis” reconhece igualmente o sentimento central que liga o presente e o futuro, a esperança e como esta é praticada ao olhar do indivíduo por uma realidade melhor. Para a autora, é que enquanto angolanos o futuro sempre foi criar onde existe, ou não há o suficiente.

A outra instalação nacional em destaque na feira foi “How to Make a mud Cake”, que mostra como a migração forçada do 32º Batalhão de Angola para a África do Sul tem um impacto físico e espiritual na luta pela terra.

A analogia feita por Helena Uambembe tem como base a era pós-colonial, as repercussões de uma Angola independente e a ideia de liberdade. “O que vem com isso? Vestígios de colonialismo, de assimilação e de violência”, disse, acrescentando que a instalação traz avisos das consequências reais de anos de colonialismo, invasão e perturbação da vida de outrem.

A “receita” para elaboração do trabalho, revelou, foi obtida em colaboração com os “filhos de Pomfret”, uma antiga cidade abandonada de mineração de amianto na África do Sul, onde reside os descendentes 32º Batalhão de Angola. “A ideia foi esconder todas as imperfeições e traumas destes”.


As artistas

Artista interdisciplinar, investigadora e praticante da moda, Sandra Poulson, vive e trabalha entre Londres e Luanda. Nos trabalhos procura analisar a paisagem política, cultural e socioeconómica de Angola como um estudo de caso para examinar a relação entre história, tradição oral e estruturas políticas globais.

Nos trabalhos da artista são também parte visível a família e a memória social herdada da Angola colonial e da guerra civil, usada para desmantelar a Angola contemporânea através de estudos semióticos de objectos culturais comuns.

Por sua vez, Helena Uambembe, vive e trabalha entre Joanesburgo e Pretória. Helena Uambembe nasceu em Pomfret, África do Sul, em 1994, filha de pais angolanos que fugiram da guerra civil. O seu pai era um soldado do 32º Batalhão, uma unidade militar das Forças de Defesa da África do Sul composta principalmente por homens negros angolanos.

Fonte:JA

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