As análises de sangue realizadas, nos dois últimos meses, em gado bovino nas localidades de Mavengue e Mawé, município do Calai, província do Cuando Cubango, mostram que o gado nestas regiões está afectado pela febre aftosa, disse ao Jornal de Angola um dos técnicos do Instituto Provincial de Veterinária, Victorino Filipe.
Por esta razão, informou, o ministro da Agricultura exarou um Despacho que orienta o Instituto Provincial de Veterinário a colaborar com as autoridades da Namíbia para a prevenção da doença, e a aquisição de antibióticos para a vacinação do gado, reforço das medidas de prevenção junto dos criadores ao longo da orla fronteiriça, bem como a compra de brincos para a separação das manadas.
Victorino Filipe disse que, apesar do surto da febre aftosa estar confinada às referidas localidades, a vacinação será extensiva ao Cuangar, Ri-vungo e Dirico, “por serem zonas de grande transumância para o pasto ou comercialização de animais”.
O fenómeno da transumância, explicou o técnico, acarreta vários riscos, visto que a população animal pode ser afectada por várias patologias. “É enorme a quantidade de gado que viola a fronteira angolana, saindo da Namíbia, um país com muitos casos de febre aftosa”, afirmou.
“Para evitar o alastramento da doença em Angola”, prosseguiu, “que pode provocar danos incalculáveis à saúde humana e financeira ao Estado, as administrações municipais do Rivungo, Dirico, Calai e Cuangar estão orientadas a travar a circulação de animais entre a Namíbia, Angola e a Zâmbia”.
Victorino Filipe assegurou que o Cuando Cubango vai receber, nos próximos dias, um lote de vacinas contra a febre aftosa do Ministério da Agricultura. “Para a vacinação do gado ao longo da orla fronteiriça será necessário o recrutamento de mais funcionários especializados e viaturas do tipo Toyota Land-Cruizer, para se chegar às áreas de difícil acesso, visto que a maioria dos criadores de gado está em zonas recônditas”, disse.
Falta de vacinas
Segundo Victorino Filipe, o Instituto Provincial de Veterinária está há mais de quatro anos sem realizar campanhas de vacinação contra o carbúnculo sintomático e hemático, brucelose, febre aftosa e dermatite nodular por falta de vacinas, “situação que tem causado inúmeros prejuízos aos criadores”.
Por falta de vacinação sistemática, a população bovina da província, estimada em 350 mil cabeças, tem reduzido, significativamente , a proliferação de doenças como sarnas, febre aftosa, carraças, peripneumonia contagiosa bovina, dermatite nodular, carbúnculo hemático e sintomático, entre outras.
Animais de estimação
Victorino Filipe informou que o sector de Veterinária do Cuando Cubango vacinou, no ano transacto, três mil e 254 animais de estimação, dos quais três mil caninos, 176 felinos e 78 macacos. Ainda no ano passado, a província recebeu 10 mil doses de vacina anti-rábica.
Fonte:JA