Exposição “Não Há Cura” está patente no Camões

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A exposição “Não Há Cura” foi aberta ao público ontem, no Camões, em Luanda, durante uma visita guiada que contou com a presença das artistas Pamila Sebastião, Indira Grandê e Daniela Vieitas, assim como de Edna Bettencourt da Movart e representantes do Instituto Camões. A mostra pode ser visitada até ao dia 11 de Agosto de 2021.

O projecto expositivo  “Não Há Cura” reúne artistas angolanas e portuguesas que forjam um espaço de desconstrução livre para conceber uma mostra de obras inusitadas entre instalação, fotografia, vídeo e teatro de objectos.

Para a exposição, a  Movart convidou Alice Marcelino (Angola), Carlota Bóia Neto (Portugal), Daniela Vieitas (Portugal), Indira Grandê (Angola) e Pamina Sebastião (Angola) para exporem as suas obras em diálogo com Keyezua, que se retirou das vestes de curadora para que cada visitante se reencontre nas diferentes ex-pressões e faça releituras, sem interferências.

A conversa e a desconstrução são os pontos de partida desta mostra que questiona a imposição dos espaços, das directrizes curatoriais e das convenções sociais. Um diálogo, por ora, sem fim à vista, que se propõe redescobrir e resignificar o eu, o corpo e a mulher, procurando relançar e repensar radicalmente o papel da arte.

Durante a visita guiada, o primeiro ponto foi no “Mother Untitled” da fotografa portuguesa Alice Marcelino que apresenta um projecto multimédia que usa fotografias e têxteis inspirados na sua experiência com a maternidade, esse que tende a ser um percurso avulto de altos e baixos, transversal a muitas mulheres, inundado de incertezas, medos e adaptação. Aqui a artista observa atentamente as representações tradicionais da Mãe, encontradas na cultura popular, questionando mitos e tabus que circundam a maternidade. 

A segunda paragem foi com Pamila Sebastião, que com a proposta “Só Belo mesmo assim” apresenta as partes do corpo e desconstrói aspectos da feminidade. Questiona se ao movermos partes do corpo em que se inscrevem categorias outrora impostas, estas podem ganhar diferentes significados ou ocupar lugares socialmente distintos. Num trabalho de instalação surge com um novo trabalho de instalações que representam categorias inscritas na construção de um corpo como elemento decisivo das relações de poder. 

A terceira paragem foi na instalação da ausente, Carlota Bóia Neto, um exercício de repensar novas formas de apreensão do quotidiano e de objectos que fazem parte do seu imaginário, a artista apresenta-nos “Couldn’t afford a robot”. Uma obra que nos leva a debruçar sobre a materialização em desenho do movimento do vento, onde há também uma outra dimensão, que subverte a seriedade expectável com que nos relacionamos com os objectos. Os presentes foram convidados a interagir com a obra.

Já Daniela Vieitas, actriz profissional, brinda-nos com a apresentação de teatro de objectos “Na Porta ao Lado”, que convida o espectador a mergulhar numa dimensão onde é possível estar a felicidade que se esperava encontrar no outro lado da porta. Uma experiência que nos transporta para uma posição “em frente ao espelho” e nos leva a questionar sobre o que realmente fazemos no mun-do. A artista apresenta uma performance de teatros de objectos, que pode ser assista de segunda a quinta-feira, entre às 16h30 e às 17h00 (três a cinco pessoas por sessão), mediante marcação até 24 ou 6 horas antes, para: ccp-luanda@camoes.mne.pt.

O último lugar foi em “Catumbela das Conchas”, uma vídeo instalação para assistir na sala multiusos do Centro Cultural Português, Indira Grandê leva-nos à experiência de viajar num comboio onde o destino é uma incógnita, um sopro no sufoco da imensidão do nada. “Qual é o teu destino?” A obra é baseada num conto da autora.

As obras expostas acabam por tornar-se metodologias que ajudam a desenvolver uma compreensão abrangente da arte como sistema simbólico, usadas para mobilizar significados, valores e emoções num contexto social. Ao ressurgir desta crise pandémica e das dificuldades que afectam, sobretudo as mulheres, as cinco artistas despertam um olhar crítico, mas urgente sobre a sociedade pós-pandemia (em construção), aspirando estabelecer uma nova ordem e recuperar um estado natural, humano, capaz de reconstruir as relações e um senso de colectivo equitativo.

Com “Não Há Cura”, a galeria Movart pretende recolocar o foco de 2021 no empoderamento das mulheres, que foram ainda mais silenciadas durante a pandemia, pela eliminação de espaços de debate sobre o feminino na sociedade e nas artes, sendo este último um dos sectores mais afectados pelo Covid-19.

Fonte:JA

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