Eugénio Manuvakola: Guardo a imagem de um Presidente que sabia escutar os conselheiros

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O antigo dirigente da UNITA, Eugénio Manuvakola, mostrou-se consternado pela morte de José Eduardo dos Santos, com quem privou algumas vezes, na qualidade de membro do Conselho da República, tendo sublinhado que guarda “a imagem de um Chefe de Estado sereno, que sabia ouvir os conselheiros”.

“Fui membro do Conselho da República, entre 1999 e 2002. Esta condição ofereceu-me a oportunidade de estar com o ex-Presidente, e, nessas reuniões, ele era muito paciente, demonstrava, sempre, serenidade, e grande capacidade de ouvir os conselheiros”, realçou o político.

Eugénio Manuvakola reconhece  que,  em 38 anos de função presidencial,  José Eduardo dos Santos,  lidou com todas as situações do país, com destaque para a administrativa, militar, diplomática e, a mais complexa, a situação de guerra e da paz.

O político da UNITA, que desempenhou funções no GURN (Governo de Unidade e Reconciliação Nacional), que vigorou de 1997 a 2008,  sublinhou que o mandato de José Eduardo dos Santos, de grande valor político, será objecto de estudo em áreas de conhecimento científico como História, Ciências Políticas e  Relações Internacionais. “Estas áreas têm os processos científicos para estabelecer a verdade e a síntese da avaliação crítica sobre o desempenho de figuras que marcaram, no seu tempo, países e povos”.

Lembrou, a propósito, que conheceu o ex-Presidente José Eduardo dos Santos em 1989, em Gbadolite, (RDC).      “Hoje, um pouco tocados pelo sentimento da perda de um angolano que serviu o seu país como Chefe de Estado, ocorre-me apenas falar da Paz e, sobre esta, percorrer Gbadolite, Bicesse, Moçâmedes, Addis Ababa, Abdjan, Lusaka e Luena”, salientou.

Referiu que esteve com José Eduardo dos Santos num segundo encontro, na Zâmbia, aquando da cerimónia de assinatura do Protocolo de Lusaka, a 20 de Novembro de 1994, onde  “co-assinei  o Protocolo com o antigo ministro das Relações Exteriores, Venâncio de Moura.

Eugénio Manuvakola disse que, depois da assinatura do protocolo,  José Eduardo dos Santos deslocou-se ao hotel onde se encontrava a delegação da UNITA, para  “transmitir a mensagem do seu empenho pessoal no processo de paz, relançado com a assinatura do Protocolo de Lusaka”.

“Em jeito de resposta ao discurso que proferi no acto solene, garantiu que, do lado dele, a chama da vela da paz não se apagaria”, conta, lembrando que, o ex-Presidente da República aceitou, em 2001, uma proposta para abreviar o conflito interno. “Foi proposto um maior enquadramento político das unidades das FAA, para saberem lidar com as especificidades de uma guerra civil”, esclarece. Para o ex-deputado,  cabe à história reter o essencial da obra do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Eugénio Manuvakola, que endereçou uma menagem de consolação à família, onde sublinha que “vocês tiveram um Pai partilhado, e, por isso, chorado por milhões de angolanos”.

Fonte: JA

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