Esposa de deputado do MPLA acusada de ususrpar terreno de família camponesa no Patriota

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Uma advogada e esposa do ex-deputado do MPLA, Luís Reis Paulo Cuanga, está a ser acusada de invadir, com a conivência das autoridades administrativas e policiais do Patriota, usando agentes da Polícia Nacional, um terreno de uma família de camponeses, na zona do Honga.

De acordo com as vítimas, embora o caso já esteja na alçada da justiça, mais precisamente, no Tribunal de Comarca de Belas, onde, de resto, se encontra aplicada uma medida cautelar, até que o processo tenha o veredicto final, a advogada Victorina, que garante, em face de vários documentos que apresenta, muitos deles, de origem duvidosa, ter recebido de ‘borla’ o terreno por via de uma oferta da empresa Metroeuropa, não quer esperar pela decisão da justiça e, puxando os cordelinhos e usando a influência que o esposo e ela têm – já que o esposo foi deputado na legislatura passada pela bancada do MPLA e ela uma advogada – movimentaram forças policiais que deveriam estar a velar pela criminalidade nos bairros de Luanda e invadiram a residência de uma família numa altura que os proprietários, marido e mulher não se encontravam casa.

“Estava fora de casa para resolver uns problemas e me ligaram nos vizinhos a informar que a minha casa tinha sido invadida por agentes do Serviço de Investigação Criminal (SIC) altamente armados e homens da fiscalização do Talatona que, não satisfeitos, por não encontrarem nenhum adulto, arrombaram a porta de casa, recolheram os nossos pertences e levaram para parte incerta”, denunciou a cidadã Isabel Wimbo, que vive no espaço com os filhos menores, maltratados e molestados pelos agentes da polícia e da fiscalização.

Segundo fez saber, até as crianças não foram poupadas nos maus-tratos. “Encontraram as crianças a espera do arroz que estava no fogo e, sem dó nem piedade, retiraram a panela do fogo, colocaram areia na comida das crianças e obrigaram os meninos a comerem aquela comida. Isso é desumano e não estou a ver como é que pessoas que representam o Estado se comportam como animais a mando de uma advogada que deveria esperar a resolução do caso no tribunal”, disse, sublinhando que, se Victorina Viana António Cuanga, que é advogada e que conhece a lei, prefere fazer justiça por mãos próprias, “não imagino aquelas pessoas que não entendem nada de leis”, notou, visivelmente indignada com a situação.

Micha Manuel Kapiñala, é um vizinho que, por sorte das crianças, regressava à casa naquele instante que a família camponesa estava a ser maltratada. À nossa redação conta que ficou bastante revoltado com aquela situação e não se inibiu em intervir apelando a sensibilidade dos agentes em serviço pelo facto de estarem a maltratar crianças indefesas cujos pais não se encontravam em casa.

“Cheguei aqui no bairro e deparei-me com um forte aparato policial, quando me aproximei dei conta que eram agentes do SIC e da fiscalização que estavam a arrombar a porta da vizinha. Retiraram os bens de casa, começaram a levar e até as crianças foram molestadas. Colocaram areia na alimentação dos meninos que estava no fogo e ainda obrigaram as crianças a comer aquela comida. Não foi bom ver aquilo e tivemos que intervir para pararem com aquela cena macabra e grave por se tratar de homens da lei a procederem daquela maneira com crianças”, denunciou, apelando aos órgãos de direito no sentido de tomarem a peito esta situação.

Família queixa-se de furto de valores

Ao se aperceber que as coisas foram levadas para parte incerta, Isabel Wimbo, desdobrou-se junto da Fiscalização de Talatona, no sentido de reaver as malas e baús de roupa, onde haviam valores guardados.

“A minha mãe faz kixikila com outras senhoras e tinha aqui em casa 600 mil kwanzas e eu também tinha 250 mil kwanzas do meu negócio. Sem esquecer que quando eles chegaram aqui, além de arrombarem a porta de casa e levarem os nossos pertences, na minha ausência, começaram a se apoderar das coisas e até do negócio que estava aqui na bancada”, queixou-se, apelando a sensibilidade das autoridades no sentido de responsabilizar esses agentes, que, em seu entender, se comportaram como autênticos bandidos e não agentes da autoridade.

Seguranças sem preparação efectuam disparos no local

Depois da saída dos agentes da ordem e da fiscalização, o local ficou guarnecido por uma equipa de segurança da empresa KB limitada. No local, segundo apurou a nossa equipa, no sabádo, um dia depois de lhe ter sido dada a responsabilidade de guarnecerem o espaço, um dos seguranças efectuou disparos, facto que deixou amedrontado os populares que ali vivem.

Questionado sobre o sucedido, Orlando Francisco António, um dos seguranças no local, disse que o disparo foi efectuado por um colega que, por sianl, não entende muito bem das novas armas entregues as empresas de segurança. Por este facto, foi solicitada a empresa para retirar o homem do local.

Família desalojada de casa está ao relento com as crianças que foram obrigadas a comer arroz com areia. (DR)

Entretanto, os moradores da zona não vêm com bons olhos esta acção dos seguranças na medida que é um bairro onde as casas estão próximas umas das outrras e o pior poderia ter acontecido.

De referir que o caso já é da alçada do Tribunal de Comarca de Belas onde decorre uma providência cautelar no sentido das partes não efectuarem qualquer actividade no espaço enquanto se espera pelo desfecho do processo.

No entanto, o Jornal Visão contactou a advogada Victorina Cuanga no sentido de ouvir a sua versão sobre os factos, mas não foi bem-sucedido. Todavia, este Portal coloca-se à disposição de nas próximas edições, tão logo seja possível, trazer a sua versão.

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