O recurso as praticas de repressão policial, perseguição de activistas, e a destruição do sistema judicial, que se assiste neste segundo mandato do Presidente João Lourenço, está a ser revisto em meios de estudiosos na Europa, como um dos indicadores das alertas feitas em Novembro de 2018, pelo diretor de investigação para África da Royal Institute of International Affairs, o prestigiado think tank de política internacional mais conhecido como “Chatham House” da Inglaterra.
Fonte: Club-k.net
Em entrevista ao Observador, concedida naquele ano, depois de participar na conferência “Angola: que mudança?”, organizada pelo Clube de Lisboa e pela União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (UCCLA), Alex Vines alertou que João Lourenço iria mostrar o seu lado autoritário se as suas reformas falhassem em Angola.
Alex explicou que o poder de João Lourenço já estava consolidado — mas que o futuro de Angola, com a economia numa profunda crise e a viver um momento de explosão demográfica, tudo dependeria das reformas que o Presidente viria a implementar.
Questionado como caracterizava as mudanças que João Lourenço já teria levado para a frente, o especialista em assuntos africanos respondia que “As reformas foram sérias, mas também políticas. João Lourenço começou pelas reformas mais fáceis. Por exemplo, atingindo a família de José Eduardo dos Santos e criando o respaldo legislativo para as reformas que ele está a planear. Ele nunca poderia ter um processo robusto de reformas sem antes consolidar o seu poder através da subida à liderança do MPLA, que já aconteceu. Agora que ele é o Presidente do país e do MPLA, está finalmente em posição para levar para a frente um conjunto mais sério de reformas”.
Segundo o especialista, “Nos próximos dois anos (2019, 2020) é que veremos se as reformas continuam, mas também vamos ver se João Lourenço promove a construção de instituições que possam servir de peso e contrapeso ao poder. Se as reformas resultarem, acredito que vai haver mais espaço para a democracia em Angola. Se as reformas falharem, João Lourenço vai mostrar o seu lado autoritário para responder a esse mesmo falhanço.”
A avaliação completa de Alex Vines é um observador próximo de Angola desde 1992, pode ser revista neste link. “João Lourenço vai mostrar o seu lado autoritário se as suas reformas falharem.”, diz director da Chatham House”