Doentes chegam aos hospitais em estado crítico

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O coordenador da Comissão Provincial de Prevenção e Combate à Covid-19 no Zaire, João Miguel Paulo, admitiu ontem, em Mbanza Kongo, que muitos pacientes chegam às unidades sanitárias em estado crítico e sem possibilidade de recuperação.

João Miguel Paulo, que falava à margem da tomada de posse dos novos administradores dos hospitais Provincial do Zaire e Municipal do Soyo, disse que muitas mortes por Covid-19 ocorreram fora das unidades vocacionadas para o tratamento da doença.
Até ao momento foram registados 655 casos, entre os quais 171 activos, 468 recuperados e 16 óbitos.
“A equipa de resposta rápida teve que montar uma estratégia de intervenção, uma vez que há indivíduos que padecem nas comunidades e muitos chegam  sem vida na unidade hospitalar, daí que orientamos os especialistas a fazerem colheita de amostras pós-morte com zaragatoa”, referiu.

Segundo o responsável, mesmo com a apresentação dos resultados de análises clínicas de testes à zaragatoa, familiares duvidam da existência da doença e insistem em desrespeitar o diploma legal que limita a presença de pessoas em óbitos e funerais.
“As pessoas continuam a acorrer de forma massiva aos óbitos e funerais. Em funerais, viajam confinados em viaturas, sem uso da máscara facial”, lamentou João Miguel Paulo, reafirmando que as autoridades  pretendem cortar a cadeia de transmissão, para que as pessoas estejam livres da doença.

João Miguel Paulo, que também é o director do Gabinete Provincial da Saúde, frisou que alguns aspectos de índole cultural, fruto da influência de cidadãos oriundos da República Democrática do Congo (RDC), têm estado na base do incumprimento das medidas de prevenção contra a pandemia na região.

“Temos um país com uma cultura própria e não podemos importar hábitos de outros países, porque notamos uma sobreposição cultural imposta por indivíduos oriundos da RDC. O país tem leis que devem ser cumpridas. Apesar de tudo, vamos continuar a sensibilizar, a fazer o acompanhamento dos casos e os contactos dos contactos”, disse João Miguel Paulo, que solicitou o apoio das organizações da sociedade civil na sensibilização das comunidades.
O médico referiu que a situação da Covid-19 na região é preocupante, na medida em que a população recusa-se a acatar as medidas de prevenção e protecção individual.

“É preocupante quando vimos na rua indivíduos que se negam a usar a máscara, álcool em gel e não querem manter o distanciamento. Vê-se tantas pessoas confinadas em centros de venda de bebidas alcoólicas que é triste. E o mais grave, faltam respeito às equipas de vigilância que os aconselha. É uma situação muito difícil”, lamentou.
O responsável do sector da Saúde no Zaire sublinhou, por outro lado, que todas unidades sanitárias estão equipadas e orientadas a prestarem atenção a outras patologias, principalmente a malária.

João Miguel Paulo disse que nas unidades sanitárias acorrem muitos pacientes com malária, situação comum nesta altura das chuvas em que se regista um  aumento da população de mosquitos.
Lamentou o estado em que se encontram as estradas, o que dificulta o transporte de medicamentos em áreas de difícil acesso. “As vias de comunicação são muito importantes para o sector da saúde, em termos de rapidez para emergência e facilidade nas tarefas de vigilância epidemiológica”, rematou.

Fonte:JA

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