Depoimentos de familiares

0
221

Amélia, meu amor, sinto muito a tua falta, a tua voz no ouvido, a ternura do teu olhar, o calor do teu abraço, a contagiante alegria da tua gargalhada, a perspicácia com que identificavas e analisavas os problemas, a capacidade de inovação na busca de soluções, o amor ao país”. Jota Carmelino acrescentou: “Em cada lembrança, sinto que se renova o amor que nasceu quando nos vimos pela primeira vez, há meio século. Não tenho dúvidas de que um dia em que nos reencontrarmos, quando te entregar o pedido para casarmos uma vez mais, contrariamente ao poema ‘Namoro’, de Viriato da Cruz, tu vais dobrar o canto do Sim.”

A filha caçula, Maria Perpétua, classificou a sua mãe nos seguintes termos: “Mamy, foste uma cidadã exemplar, deixaste a tua marca. Tinhas inúmeras qualidades, infinitas! O teu olhar, a tua forma sensível de ser que poucos sabiam ou conheciam, o teu sorriso, meu Deus, como te amava! Que saudades de gritar o teu nome mal entrava em casa para depois reclamares porque estava a gritar o teu nome e depois a seguir dava-te um abraço e dizias logo ‘pronto, pronto, já chega’, porque te apertava demais. Saudades das nossas danças em casa, sem motivo nenhum simplesmente dançávamos.”

No seu depoimento como sobrinha,  a arquitecta e docente universitária Ângela Mingas disse que os Mingas pertencem a um grupo de famílias monárquicas de Cabinda, ligadas à ancestralidade do Império do Kongo e do Reino Goyo. “Trazemos na nossa singularidade o Tratado de Simulambuco, assinado por quatro dos seus mais dignos representantes, nomeadamente, King Jack, príncipe da Ponta do Tafe; King Taine, príncipe da Ponta do Tafe, Fernando Mingas, filho do Príncipe Jack do Buco-Sinto e pelo filho do Príncipe Bette Jack, Governador do Caio.”

Embora não tendo funções dinásticas nem políticas, frisou Ângela Mingas, “temos consciência do papel que desempenhamos na liderança de diversos sectores da vida pública, com particular interesse para a área social e cultural. Assim, o som Mingas é uma força que promove a nossa união, traz-nos cor e como um cordão umbilical enreda-nos com entusiasmo, honra e dignidade.”

A docente universitária moçambicana Lusidia Filimone, da antiga Faculdade de Letras, agora designada Faculdade de Humanidades, que está no país desde 2007, conheceu Amélia Mingas no mundo académico e com ela esteve em congressos internacionais em Macau e em Brasília. O seu marido é angolano e foi este um dos argumentos apresentados por Amélia Mingas para a convencer a vir leccionar em Angola. “Com o seu apoio acabei por aceitar o convite.

Eu dava aulas em Moçambique e tinha uma vida estável. Fiquei com alguns receios, porque apesar de falarmos a mesma língua, ainda assim são culturas e hábitos diferentes”, afirmou, acrescentando que Amélia Mingas a tratava como cunhada por ser esposa de um angolano. “Ela me tratava de cunhada, sempre com muito carinho e convenceu-me que o ambiente académico aqui seria basicamente o mesmo que o do meu país, e que não teria grandes dificuldades de enquadramento.”
Lusidia Filimone testemunhou ainda que Amélia Mingas “era uma pessoa muitas vezes incompreendida, mas ao mesmo tempo afável para com os próximos, amiga dos amigos.” 

Fonte:JA

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui