Cunha Vaz- Assessor português de Lourenço causa mal-estar entre Luanda e Lisboa

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António Cunha Vaz (na foto), fundador e presidente da agência de comunicação portuguesa CV&A, que assessora a imagem do Presidente João Lourenço desde 2021, está a ser apontado por altos funcionários da Presidência angolana como o “culpado” pelo mal-estar entre Luanda e a RTP – Rádio e Televisão de Portugal.

Segundo apurações, foi o próprio Cunha Vaz quem aconselhou o fim da cobertura jornalística da RTP no Palácio Presidencial, após a emissora ter dado voz à guerrilha da FLEC, nas matas de Cabinda. Para além da recomendação, terá sido o próprio Cunha Vaz o redator do comunicado oficial da Presidência que anunciava a decisão de revogar o privilégio de acesso da RTP ao Palácio, impedindo a equipa da estação pública portuguesa de cobrir actos oficiais.

A RTP protestou formalmente contra a medida, alegando que os seus jornalistas estavam devidamente credenciados e que a expulsão foi seletiva e discriminatória. O governo português também lamentou o episódio, reafirmando o seu compromisso com a liberdade de imprensa.

Por sua parte, a Presidência angolana considerou a reacção da RTP uma “campanha de vitimização”, argumentando que a decisão já havia sido previamente comunicada à emissora.

O papel de António Cunha Vaz neste episódio deu origem a outras leituras, segundo as quais muitas das tensões entre Angola e Portugal têm origem em cidadãos portugueses ao serviço do regime angolano.

Este não é um caso isolado. Em 2015, durante a presidência de José Eduardo dos Santos, também se registaram momentos de forte tensão entre Luanda e Lisboa. Alguns desses atritos foram agravados por editoriais do Jornal de Angola, assinados pelo jornalista luso-angolano Artur Queiroz, que exercia funções como assessor da publicação com um salário mensal de 15 mil dólares.

Queiroz, que assinava frequentemente sob o pseudónimo Álvaro Domingos, era conhecido por textos críticos dirigidos a autoridades portuguesas, frequentemente acusando Portugal de interferir nos assuntos internos de Angola. Os seus editoriais denunciavam alegadas posturas neocoloniais e ingerências políticas, o que gerava fortes reacções tanto por parte do governo português como da imprensa de Lisboa.

Essa retórica contribuiu para um clima de desconfiança institucional entre os dois países, especialmente em períodos de negociações diplomáticas e económicas sensíveis.

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