Criadores e artes nacionais têm apoio do ministério de tutela

0
260

A secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade de Jesus, reconheceu que ainda são insuficientes os apoios às artes, de uma forma geral, mesmo com políticas concretas para a dinamização do cinema nacional.

Maria da Piedade de Jesus enalteceu o trabalho que tem sido desenvolvido pela juventude angolana em matéria de audiovisuais. “O Estado vai continuar a incentivar todos aqueles que trabalham em prol do desenvolvimento das artes no país”, disse.

A dirigente, que participou, na quinta-feira, na abertura da terceira edição do Festival Internacional de Curtas Metragens “Fesc-Kianda”, que decorre até 24 deste mês, no Centro Cultural Brasil -Angola, em Luanda, garantiu que o Executivo está atento aos principais problemas que afligem a juventude.

No acto, o director do Gabinete Provincial de Luanda da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto, Manuel Gonçalves, destacou o espírito de resiliência e organização do festival, destacando que o cinema pode também contribuir para a economia do país e a criação de novos postos de trabalho.

O cinema, destacou, pode ser um vector de preservação da identidade cultural e da memória dos angolanos. “O festival já é uma marca na agenda cultural de Luanda e, por isso, felicito o espírito de resiliência da juventude que tem sabido ultrapassar os problemas com alguma determinação e foco”, adiantou.

O novo director da Cultura da Embaixada do Brasil em Angola, Hugo Lorenzetti, felicitou a iniciativa, sobretudo por ser promovida por jovens angolanos, que mesmo com poucos recursos e muitos sacrifícios têm promovido os trabalhos dos realizadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). “Espero que essa iniciativa possa ser um factor impulsionador para os jovens talentosos”, acrescentou.

O realizador Nguxi dos Santos, homenageado desta edição do “Fesc-Kianda”, agradeceu a iniciativa e pediu mais apoios à produção nacional. “A falta de incentivos às artes, em particular no domínio dos audiovisuais, têm levado ao desaparecimento de outros festivais como o Festival Internacional de Cinema de Luanda (FIC-Luanda)”, lamentou.

O produtor enalteceu, também, os esforços dos jovens que têm procurado manter o cinema nacional funcional, mesmo diante dos inúmeros problemas financeiros. Porém considera necessário apostar na formação dos jovens, para se ter resultados positivos no futuro. “É urgente que o Estado reveja as políticas de apoio às artes no país para melhorar a qualidade do produto final”, disse.

Esse tipo de reconhecimento, disse, sobretudo quando é feito por jovens, é muito gratificante, por sentir que o legado tem sido transmitido às novas gerações. Nguxi dos Santos disse que está a trabalhar em vários outros projectos que brevemente serão do conhecimento público. 

Abertura

A terceira edição do Festival Internacional de Curtas Metragens “Fesc-Kianda” abriu com a curta-metragem “Em nome da Tradição”, do realizador Tonessa Ferreira e produção de Jaime Joaquim “Gegé”.

O enredo  conta a história de três crianças que sobrevivem nas ruas de Luanda depois da morte dos progenitores. Sem abrigo, os adolescentes são deserdados pelos familiares e deixados ao abandono. Sem ter por onde recorrer, o filho mais velho é obrigado a ir recolher material reciclável para comercializar e poder comprar alimento para os irmãos mais jovens.

Em nove minutos de rodagem, a produção mostra os momentos difíceis dos adolescentes. O filme procura, ainda, trazer à reflexão os vários problemas sociais que afligem a sociedade angolana, assim como analisar a actual desestruturação familiar, a problemática dos filhos órfãos, o direito costumeiro, os trabalhos infantil e o abandono escolar precoce das crianças.

A programação

Durante sete dias, o público vai poder assistir, a partir das 17h30, no Centro Cultural Brasil-Angola, 36 filmes, todos de realizadores da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), cujos trabalhos têm tido impacto nos últimos anos.

Para esta edição, a produção seleccionou de Angola as curtas-metragens: “Gamofobia”, “Em nome da Tradição”, “Mensagem In Botlle”, “Deputado Apocalíptico”, “É nós aí”, “Controverso”, “Um pedaço de Amor”, “Coronavírus”, “1 de Abril”, “O Hacker”, “O legado”, “Direitos Iguais”, “Ruptura”, “Vivências”, “Actos Depressivos” e “Agente Secreto”.

Do Brasil foram seleccionadas os filmes “O Menino da Moeda”, “Um conto Indígena”, “Filme de Favela”, “Viro Artista ou Morro Tentando”, “Imprudência”, “Vestígios”, “Neguinho”, “Dezoito” e “Depois de Ontem”, enquanto de Portugal vão ser exibidas as produções “Frágil”, “Convida” e “Solidão”.

Cabo-Verde traz este ano as curtas-metragens “Consequências das Drogas” e “Hélio”A Guiné – Equatorial exibe os filmes “Mercy” e “A Luta”. São Tomé e Príncipe participa com “Stop Covid”e “Jogos Ilegais”. Por sua vez, Moçambique apresenta “Cabo Desligado”.

Os vencedores desta edição vão receber uma estatueta e um certificado de participação. O festival celebra o 446º aniversário da fundação da cidade de Luanda. Para a selecção dos filmes foram observadas, criteriosamente, a qualidade das curtas-metragens, com realce para o argumento, a representação cénica dos actores, a qualidade sonora e o ano de produção.

FONTE:JA

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui