Os coronavírus são uma grande família de vírus que causam doenças que variam do resfriado comum a doenças mais graves, como a Síndrome Respiratória do Médio-Oriente (MERS) e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS).
1-Quando é que o Governo de Angola começou a preparar-se para atender os casos de Covid-19?
A 30 de Janeiro deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que o surto de Covid-19 era uma “Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional” porque o vírus estava a espalhar-se muito rápido pelos países. No mesmo dia o Governo de Angola criou a Comissão Interministerial, já tinha elaborado e publicado o Plano de Contingência Nacional.
2 – Qual foi a primeira atitude tomada pela governação Angolana para evitar que a doença se espalhasse em Angola?
Como os casos da COVID-19, começaram na China e todos os dias aumentavam, no dia 1 de Fevereiro de 2020, começou a quarentena institucional de passageiros que chegavam nos vôos que vinham da China. No mesmo dia, as autoridades sanitárias instaladas no aeroporto, começarem a medir a temperatura e a preencher a ficha de controlo sanitário de todos os passageiros provenientes dos sucessivos voos internacionais.
3 – Naquela altura o Governo já estava preparado para atender os casos de Covid-19?
Não. Naquela altura o Governo começou a capacitar os profissionais de saúde os funcionários e oficiais de emigração para assegurar as fronteiras, a elaborar material de informação, comunicação e educação para a população, a quantificar as necessidades em equipamentos, material de laboratório, material de biossegurança, medicamentos e a preparar os centros de tratamento para os casos de doentes com Covid-19.
4 – Quando é que o país começou a fazer os testes de laboratório para identificar os casos de Covid-19?
A partir do dia 10 Março de 2020, o Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS) iniciou a realização de testes RT-PCR para detecção do vírus SARS-CoV-2, considerados o gold standard (padrão de ouro) para o diagnóstico da COVID-19, após capacitação dos técnicos do INIS, pela OMS, no National Institute for Communicable Diseases (NICD), da Africa do Sul, em Fevereiro.
5- Em Fevereiro já tinham sido identificados casos suspeitos da COVID-19 e que foram isolados em quarentena institucional. Onde e quando foram efectuados os testes.
Os testes dos primeiros casos suspeitos da Covid-19 foram enviados para Africa do Sul (National Institute for Communicable Diseases (NICD) e também, para o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, em Portugal.
6 – Por quê que a partir do dia 17 de Março passou a ser implementada a quarentena institucional para todos os passageiros que vinham de países com transmissão comunitária da COVID-19 ?
Os passageiros de países com transmissão comunitária podem estar infectados mas não ter sintomas ou ter sintomas muito leves. Ficar de quarentena serve para verificar se estas pessoas vão desenvolver a doença e permite também fazer o teste para ter a certeza de que não têm a infecção. Esta medida faz com que elas não transmitam a doença para a família, amigos, vizinhos e colegas de trabalho e todas outras pessoas que tiverem contacto com elas.
7 – O INIS é a única instituição pública que faz os testes de diagnóstico da COVID-19 em Angola?
Não. De acordo com a política de fortalecimento da capacidade de diagnóstico para a COVID-19, foram integradas desde o dia 28 de Abril de 2020 mais duas instituições públicas: O Instituto Nacional de Luta contra a SIDA (INLS) e o Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Militar Principal/Instituto Superior e uma privada: a Clinica Medical Center.
8 – Para além do teste RT-PCR, existe outro teste recomendado internacionalmente para o diagnóstico da COVID-19?
E em Angola já se encontra implantado. Sim, existe o método GeneXpert e o equipamento de Abbott em tempo real. Existem em Angola instituições públicas e privadas com equipamento apropriado e, portanto, que começaram a utilizar o método GeneXpert e o equipamento Abbott em tempo real. Estes vão reduzir o tempo de diagnóstico de 72 para 24 horas.
9 – Que medidas de saúde pública foram tomadas pelas autoridades sanitárias do nosso país, para o combate a pandemia da COVID-19?
A 25 de Março de 2020 foi decretado o Estado de Emergência pelo Estado angolano e estabeleceu algumas medidas de saúde pública tais como: Estabelecimento de cerca sanitária nacional e interprovincial, lavar as mãos com água e sabão, manter o distanciamento físico de 1 a 2 metros; etiqueta respiratória (isto é tossir e/ou espirrar, tapando a boca com um papel e em seguida deitar no local apropriado, ou tapando com o cotovelo), recomendação do uso de máscaras em locais fechados, supermercados, mercados, transportes públicos, hospitais, evitar almoços familiares, não permanecer nos óbitos.
10 – Usar a máscara facial é a medida mais eficaz para evitar a transmissão de Covid-19 na comunidade?
O uso da máscara facial na comunidade, não é a única medida para cortar a transmissão por Covid-19.
A sua eficácia será concretizada se for associada a outras medidas, como a lavagem das mãos, o distanciamento físico/social, as medidas de higiene individual e colectivas das pessoas em geral, dos alimentos (adquiridos nos mercados ao ar livre ou nas superfícies de venda), como também, das nossas habitações, higienização das superfícies e dos locais de trabalho.
11 – O uso de máscara é importante. Quando se deve usar a máscara?
O uso de máscara é importante porque o coronavírus pode ser espalhado por pessoas infectadas que não apresentam sintomas. A máscara deve ser usada sempre que se abandona o domicílio, especialmente quando se está em espaços fechados. Máscaras não substituem as outras medidas como lavagem das mãos e o distanciamento físico/social.
12 – Das medidas de saúde pública tomadas, observou-se o uso de luvas no meio da população para diminuir o risco de transmissão da Covid-19. Esta atitude é correcta?
Esta atitude não é correcta. Nem o MINSA (Ministério da Saúde em Angola) nem a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendaram o uso de luvas a nível comunitário, porque o uso de luvas pode levar ao risco de auto-infecção, da transmissão da infecção a outras pessoas e a superfícies, como também, infectar-se nos contactos com superfícies contaminadas, sobretudo, se não tiver atenção no modo como colocar e retirar as luvas. A prática de higienização das mãos é aquela que pode ajudar na redução da propagação do vírus SARS-COV-2.
13 – Deve-se usar no dia-a-dia Luvas fora do ambiente hospitalar?
Não. As luvas são feitas de material relativamente poroso e não estão preparadas para serem usadas durante muito tempo, nem substituem as regras de higiene. A retirada das luvas pode colocar em risco as pessoas se não for feita de forma adequada.
As situações em que é recomendado o uso de luvas descartáveis fora do ambiente profissional, são as seguintes:
a) Para fazer limpezas domésticas com produtos específicos.
b) Para cuidar de alguém doente (para fazer limpezas ou para manusear fluidos corporais).
Mas, para se proteger adequadamente deve lavar bem as mãos, manter a distância física, cumprir as regras de etiqueta respiratória e usar a máscara em ambientes fechados.
14 – Quando as autoridades sanitárias identificam um caso positivo da Covid-19 na nossa rua, ao sairmos de casa para a rua apanhamos logo a infecção?
Não. Contudo, apenas devemos sair de casa se tivermos alguma necessidade de modo a não aumentar o risco de contágio. Ao sairmos de casa devemos estar protegidos com máscara e mãos bem lavadas.
15 – Podemos trabalhar junto de uma pessoa que teve Covid19 e recebeu alta num hospital, sem risco de sermos contaminados?
Sim podemos. Observando-se todas as medidas de protecção individual, tais como, o uso de mascara, higienização frequente das mãos e o distanciamento físico/social, que são iguais para todos os trabalhadores. Deve-se evitar discriminar ou estigmatizar quem já teve a doença.
16 – O doente recuperado da COVID-19 e que tenha o teste RT-PCR positivo, transmite a doença?
Em alguns casos sim e em outros não. Os resultados de RTPCR podem permanecer positivos por maior período de tempo após a recuperação. Existem estudos que sugerem que possa tratar-se de fragmentos virais residuais, que são partículas mortas do vírus sem actividade e, portanto, não são mais transmissíveis. Ou seja, o resultado positivo do teste RT-PCR nesse caso, acontece porque o exame (RT-PCR), que analisa partículas do vírus, não consegue distinguir entre partículas mortas e outras potencialmente vivas, dando a impressão errada de que alguém que tem teste positivo para o vírus após a recuperação permanece infeccioso ou seja trasmissor da doença. Pensa-se que, com as evidência existentes hoje, neste caso, o paciente não transmite infecção.
17 – Quanto tempo o vírus pode permanecer na maçaneta da porta? no dinheiro e no teclado?
Estudos laboratoriais revelam que os coronavírus podem sobreviver até 72 horas em algumas superfícies, como plástico, aço e no papelão até 24 horas. A Organização Mundial de Saúde (OMS), refere que “é uma boa prática de higiene lavar as mãos depois de manusear dinheiro, especialmente se comer ou manusear alimentos”. Uma boa regra é: lavar as mãos depois de tocar em quase tudo, especialmente se for uma superfície fora de sua casa.
18 – O coronavírus (SARS-COV-2), pode sobreviver na roupa?
Não há evidências neste momento. A ideia central é: desinfectar as superfícies que são muito tocadas e lavar as mãos depois de tocar em qualquer objecto, especialmente antes de tocar em seu rosto ou comer.
19 – Como posso tornar a casa mais segura?
Um conjunto de algumas práticas simples podem ajudar a reduzir o risco de exposição ou propagação do vírus. Lembre-se sempre do básico, como: limpeza e recolha do lixo diária, lavar as mãos com frequência (e lembrar aos membros de sua casa) incluindo limpeza e desinfecção diária das superfícies tocadas.
20 – Considerando que o SARS-CoV e SARS-CoV-2 têm a mesma origem, qual é a semelhança entre a estrutura do SARS-CoV e SARS-CoV-2 (do inglês Severe Acute Respiratory Syndrome por coronavírus), ou SRAS em português (Síndrome Respiratorio Agudo Severo por Coronavirus)?
A estrutura genética (genoma) do SARS-CoV, partilha 80% da sua identidade, em termos de material genético, o RNA, com o do SARS-CoV-2.
21 – Qual é o grupo de maior risco de ficar doente pela Covid-19?
Pessoas de todas as idades e de ambos os sexos podem ser infectadas pelo novo coronavírus. Contudo, existem alguns grupos de indivíduos que têm maior possibilidade de desenvolver doença grave quando são infectadas.
Destacamos as seguintes situações: · Indivíduos mais velhos, com idade superior a 60 anos com ou sem doenças prévias ou crónicas;
Indivíduos de qualquer idade e sexo com doenças crónicas como a Diabetes, Hipertensão Arterial, Asma Brônquica, Doenças Cardíacas, Renais, Drepanocitose;
Indivíduos que tenham sido submetidos a qualquer tipo de transplante (renal, hepático, cardíaco, etc.);
Indivíduos com Doença Pulmonar Crónica Obstrutiva, SIDA, Hepatite, Câncer, Doenças arterial periférica e das artérias coronárias;
Indivíduos com Doenças Autoimunes (Lupus, Artrite Reumatoide, Doenças da Tiróide, etc).
22 – Quais são os sinais e sintomas de gravidade que carecem de ajuda médica?
Os sintomas seguintes devem levar à procura de atendimento de emergência.
• Dificuldade ao respirar
• Dor persistente ou pressão no peito
• Confusão ou incapacidade de despertar
• Lábios ou rosto azulados.
23 – Que esperar de um doente VIH positivo que contraia COVID-19?
Estará mais susceptível para desenvolver quadros mais complicados da COVID-19, pela imunodepressão especialmente quando tem doença em fase avançada ou com pouco controle da infecção por VIH. Recomenda-se por isso que seja cauteloso e que preste atenção às medidas de prevenção, para além de ter de cumprir com rigor e sem falhas, a medicação habitual.