Luanda – Apesar de declarada a circulação comunitária do novo coronavírus em Angola e do aumento exponencial de casos, particularmente neste mês de Julho, milhares de cidadãos continuam negligentes no cumprimento das medidas de prevenção.
As principais violações registam-se nos mercados, paragens de táxis e de autocarros, onde desrespeitam, principalmente, as orientações do distanciamento físico.
De igual modo, fazem o uso incorrecto das máscaras e se apresentam sem esse artefacto, mesmo em províncias como Luanda e Cuanza Norte, as mais afectadas pela pandemia.
Na capital do país, por exemplo, os locais onde mais se observa o desrespeito às medidas preventivas são as dos mercados informais e paragens de táxis e autocarros.
A escassez de transportes em Luanda, dada a redução de passageiros (a 50 por cento da capacidade) no interior dos autocarros e até mesmo dos táxis, com o fim de conter a covid-19, é um dos motivos apontados pelos citadinos para o desrespeito do distanciamento.
Face a estes dilemas, o Governo Provincial de Luanda reforçou os níveis de coordenação e articulação com o Ministério da Saúde (Minsa), para aumentar a oferta de transportes e fazer face à progressão e combate da Covid-19.
Nas demais províncias, o quadro equipara-se, havendo um considerável número de cidadãos a desrespeitar as regras de biossegurança, nos mercados informais.
Lunda Sul
Apesar da província da Lunda Sul não registar casos positivos de Covid-19, a população do município de Saurimo insiste no incumprimento das medidas.
Arleth Simão, vendedeira do mercado do Txicumina, diz estar consciente do perigo da doença, mas muitas vezes esquece-se de usar a máscara e sai à desprevenida.
No mercado do Candembe é visível o desrespeito às medidas de biossegurança, já que mesmo com vários pontos de água instalados para a lavagem das mãos, os utentes entram no recinto sem a preocupação com a lavagem.
Entretanto, o director do Gabinete Provincial dos Transportes e Mobilidade Urbana, Pedro Lologe, faz saber que os operadores de transportes públicos têm cumprido com as medidas de biossegurança, exigindo o uso de máscaras e o distanciamento físico.
Quanto à prática de actividades desportivas, o director do Gabinete Provincial da Juventude e Desportos, Salvador Wanuque, diz que a instituição, em colaboração com o Instituto Angolano da Juventude (IAJ), leva a cabo uma campanha de sensibilização da juventude para não terem essa prática.
Bengo
No Bengo, há violações nos mercados informais do Cawango e Sassa Parque, que registam a falta de distanciamento físico, circulação de muitos cidadãos sem máscaras e outros usando de forma incorrecta, com o nariz de fora.
Cuanza Sul
Por sua vez, no Cuanza Sul, várias vendedoras dos mercados informais do Matabicho e da Feira na cidade do Sumbe não estão a cumprir com as medidas de biossegurança e o distanciamento social para se prevenir da Covid-19.
Nesses locais, constata-se que não cumprem com as precauções, mormente a utilização do álcool em gel, por alegadamente estar caro (Akz 1000 a 6000), nas farmácias.
Maria Teresa, vendedora do mercado do Matabicho, refere que o uso da máscara é obrigatório, mas “é difícil permanecer com ela, cobrindo o nariz e a boca, o dia todo, por alegada dificuldade para respirar.
Quanto aos transportes públicos, constatou-se que, à entrada, os passageiros são obrigados a desinfectar as mãos com álcool em gel e usarem a máscara.
Segundo representante da Macon, Firmino Macedo, antes da partida, faz-se uma vistoria para garantir que todos estejam a usar correctamente a máscara e controlar a lotação, que não deve ser 100% da sua capacidade.
Cuando Cubango
Nos mercados de Menongue, sede capital do Cuando Cubango, também há constante violação das medidas de biossegurança, principalmente por parte dos vendedores.
Não se observa o cumprimento do distanciamento social entre os vendedores, a lavagem regular das mãos, com água e sabão ou o uso do álcool em gel, e poucos fazem o uso correcto das máscaras, ao contrário dos compradores.
No tocante aos transportes públicos de passageiros, verifica-se o cumprimento das medidas de biossegurança, assim como nos ATM (multicaixas) e nos supermercados.
Cuanza Norte
Na província do Cuanza Norte, a maioria dos vendedores dos mercados formais e informais da cidade de Ndalatando insiste no incumprimento das medidas, como o distanciamento físico, higienização das mãos e o não uso de máscaras.
No mercado do “4 de Fevereiro”, por exemplo, com capacidade para 300 vendedores, a desordem é visível, associada à ausência de agentes da Polícia Nacional para ajudarem na manutenção do distanciamento físico no local.
O administrador desse mercado, Hermenegildo Cassule, lamenta que apenas os compradores cumpram as regras, com a utilização de máscaras, enquanto as vendedoras, na sua maioria, não as utilizam, nem higienizam às mãos.
Segundo Domingas Manuel, utente do mercado “4 de Fevereiro”, a falta de responsabilidade dos cidadãos pelo cumprimento das medidas de segurança pode provocar o surgimento de novos casos.
Contrariamente, a administradora do mercado de Catome de Cima, Cláudia George, assegura que aquele espaço mercantil observa as medidas de biossegurança.
Nas instituições públicas e privadas, o reforço das medidas de segurança também é visível logo à entrada, para qual foram colocados baldes de água com torneiras e sabão.
O uso de termómetro infravermelho para a medição da temperatura e a desinfecção das mãos com o álcool em gel restringem-se apenas a algumas instituições com capacidade financeira, como as agências bancárias, supermercados, sede do governo da província e outros.
Malanje
A realidade dos mercados é a mesma na província de Malanje, onde não são observadas as medidas recomendadas, pelos utentes dos maiores mercados informais da cidade capital da província, nomeadamente de Cangambo e Voanvala.
A vendedoura Dalila Gonçalves alega que a proximidade das bancadas, por insuficiência de espaço, constitui um dos motivos do ajuntamento social.
No entanto, como medida de precaução, optam pelo uso da máscara e desinfecção regular das mãos com álcool ou lavagem com água e sabão, sobretudo depois da recepção do dinheiro.
No que toca à actividade desportiva, regista-se ajuntamentos em locais públicos, como no Jardim da Liberdade e nos largos Rainha Njinga e do Nosso Super, em contramão com o Decreto Presidencial sobre o Estado de Calamidade Pública.
Uíge
Na província do Uíge, a situação do incumprimento é menos acentuada, sobretudo depois da visita de membros da Comissão Multissectorial de Prevenção e Combate à Covid-19 aos principais mercados locais e espaços de maior concentração de pessoas.
A comissão recomendou maior rigor e responsabilidade dos cidadãos, tendo aprovado a execução de mais acções para evitar a disseminação da doença na região.
Conforme a directora do Gabinete Provincial da Saúde, Madalena Diago, apesar de o Uíge ainda não ter casos positivos e estar a observar às medidas recomendadas, há necessidade de reforçar as acções.
Cunene
De igual modo, nas ruas, mercados, estabelecimentos comerciais e instituições públicas da cidade de Ondjiva, no Cunene, as pessoas estão, grosso modo, a usar as máscaras e cumprir as medidas de prevenção e combate à Covid-19.
Entretanto, nos maiores mercados paralelos de Oshomukuyo e Alemanha regista-se alguns ajuntamentos da população, nos períodos autorizados para as vendas.
Zaire
Já no Zaire, mesmo com as medidas decretadas pelas autoridades, assiste-se, todos os dias, na cidade de Mbanza Kongo, enchentes de cidadãos em cerimónias fúnebres.
Em velórios e funerais, os espaços e viaturas ficam abarrotadas de gente, sem, no mínimo, respeitar as medidas de prevenção contra a pandemia.
O supervisor municipal para a promoção da Saúde, Miguel Diabanza, considera “irresponsável” esse comportamento de muitos munícipes, advogando medidas severas contra os infractores, para inverter esse quadro.
Fonte da Polícia Nacional contactada pela ANGOP para se pronunciar sobre o aglomerado de cidadãos em óbitos e outras actividades, disse que a corporação tem tomado medidas severas aos infractores, que se traduzem em detenções e entrega dos mesmos às instâncias judiciais, para julgamentos sumários. FONTE: ANGOP