Continuam as manobras para viagens sem teste negativo de Covid-19

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Nesta quadra festiva, a cidade do Uíge regista um aglomerado de passageiros em algumas paragens clandestinas criadas pelos taxistas, vulgo candongueiros. O negócio é feito entre “lotadores”, clientes e motoristas. Os primeiros mobilizam os passageiros e os automobilistas explicam como fazer a viagem sem o teste negativo de Covid-19 e como lidar com os órgãos de defesa e segurança nos postos de controlo.

“Não precisa o teste de Covid-19. Basta apenas o Bilhete de Identidade ou a Cédula Pessoal para a viagem. Pelo caminho não há complicações, tudo passa pelo diálogo com os agentes da ordem”, conta um automobilista, acostumado a essas negociatas.
O negócio fraudulento fez alterar o preço da viagem entre as duas províncias. Antes da pandemia eram cobrados cinco mil kwanzas entre Uíge e Luanda, mas hoje é necessário desembolsar 25 mil pela viagem.
À reportagem do Jornal de Angola, vários taxistas disseram que dos 25 mil kwanzas é deduzida a “gasosa”, ou seja, o valor para pagar aos efectivos dos órgãos de defesa e segurança nos postos de controlo, para permitirem a passagem de pessoas sem o teste negativo.

O automobilista Dom Fonseca conta que do Uíge para Luanda não há grandes constrangimentos nos postos de controlo, já que tem havido alguma “ponderação” por parte dos agentes em serviço. “No regresso de Luanda para o Uíge fica tudo mais difícil”, disse.   
Questionado sobre o risco de viajar com passageiros sem testes negativos de Covid-19, peremptório, respondeu: “quem não arrisca não petisca e eu não faço outro trabalho que não seja o serviço de táxi. Se ficar em casa, como vou sustentar a minha família?”.
Outro automobilista, que pediu o anonimato, disse que alguns colegas recebem solicitações de viagens de clientes habituais, por isso tudo passa por um consenso entre eles. “Alguns apresentam testes negativos de Covid–19, mas outros não. Tudo passa pelo diálogo. Vivemos deste serviço, se não o fazermos como vamos sobreviver?”, questionou.

Falta de testes

Também sob anonimato, uma passageira, com destino a Luanda, devido ao óbito do irmão, justificou que não tem sido fácil conseguir teste de Covid–19, por isso, entendeu viajar sem ele.
“Fui várias vezes ao Departamento de Saúde Pública e ao Hospital Geral do Uíge para fazer o teste, mas não foi possível. Fui informada que não havia testes disponíveis para viajantes, mesmo com dinheiro para pagar”, disse.

Dombele Sebastião, outro passageiro, mostrou-se agastado com a falta de testes rápidos para viajantes na província. “Não está fácil conseguir o teste. Vamos ao Departamento de Saúde Pública, mesmo com dinheiro, não conseguimos o teste. Precisamos viajar para procurar o sustento, vamos fazer como?”, questionou-se.

Sobre o risco de todos viajarem na mesma viatura sem o mínimo de distanciamento físico, Sebastião disse que o uso de máscara, álcool em gel e fé em Deus os tem protegido.
Na busca incessante pela verdade, o Jornal de Angola, com a permissão do Gabinete Provincial de Saúde, contactou o chefe do Departamento de Saúde Pública para mais dados sobre a pandemia no Uíge, mas sem sucesso.    
Uíge já notificou mais de 130 casos positivos, distribuídos em oito dos 16 municípios que compõem a província.

Fonte:JA

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