A construção de novos edifícios, tanto habitacionais como escritórios, na “zona tampão” do Centro Histórico de Mbanza Kongo, é uma das preocupações à preservação deste Património Mundial da Humanidade, defendeu ontem, a secretária de Estado da Cultura.
Maria da Piedade de Jesus, que falava após uma visita aos principais monumentos e sítios de Mbanza Kongo, com realce ao Museu dos Reis do Kongo, Kulumbimbi, Palácio Real, Nsungilu e o Cine Clube, chamou atenção ao facto de toda a construção, de novas infra-estruturas, na zona tampão, carecer de uma prévia comunicação, entre o Comité de Gestão Participativa e o Instituto Nacional do Património Cultural.
Uma das preocupações, revelou, é a construção de um novo edifício da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) a poucos metros do sítio histórico “Mpindi a Tadi”, local onde embalsamavam os corpos dos antigos Reis do Kongo. “A construção pode criar constrangimentos, já que a Unesco faz visitas de controlo, a cada dois anos, para verificar se houve alterações na zona tampão. Daí, a necessidade de continuar a sensibilizar os cidadãos para o cumprimento dos procedimentos”, disse, acrescentando que os especialistas da Unesco possuem fotografias da zona tampão e alterar qualquer pormenor carece de uma comunicação e a anuência deste órgão.
No âmbito do programa de visita à Mbanza Kongo, a secretária de Estado da Cultura manteve encontros com o representante das autoridades tradicionais do Lumbu, Afonso Mendes, que pediu a construição de mais infra-estruturas económicas e sociais capazes de dignificar o estatuto de Património Mundial da Humanidade.
“Temos energia eléctrica em todos os municípios da província, mas os habitantes de Mbanza Kongo clamam pela construção de uma centralidade, um novo aeroporto, a conclusão das obras do Hospital Geral e outras infra-estruturas, capazes de dignificar a região e alavancar a economia local”, solicitou.
Rentabilização
A visita aos monumentos e sítios históricos de Mbanza Kongo vai passar, em breve, a ser taxada, no intuito de se criar um fundo de apoio à gestão do referido Centro Histórico, avançou Maria da Piedade de Jesus.
A legislação sobre a cobrança da entrada nos Museus do país, adiantou, já foi aprovada, pelo que o gestor do Museu dos Reis do Kongo pode implementar as taxas para os turistas, nacionais e estrangeiros.
Em relação a rentabilização do Centro Histórico, no geral, a secretária de Estado da Cultura defendeu a necessidade de ser criada uma agência de turismo para assegurar a efectivação do processo, através de um pacote de visita à Mbanza Kongo.
“A agência de turismo deve estar preparada para acolher os turistas, garantir o transporte para Mbanza Kongo e estabelecer os planos turísticos da província e respectivos guias. O importante é o turista saber o que está a pagar, o que vai visitar, quais são as estruturas de restauração e hotéis disponíveis”, disse, acrescentando que, do montante financeiro a arrecadar pela agência de turismo se estabeleça uma percentagem para o Centro Histórico.
Para Maria da Piedade de Jesus, situação análoga vai se verificar no futuro aeroporto de Mbanza Kongo, após a construção deste, quando uma percentagem do valor dos bilhetes foi revertida a favor do Centro Histórico.
O coordenador do Comité de gestão participativa de Mbanza Kongo, Biluka Nsakala Nsenga, informou que para garantirem a conservação e divulgação do Património local recebem dos cofres do Estado um valor mensal de cinco à sete milhões de kwanzas.
Fonte:JA