O comandante da Polícia Nacional no Município da Camama, em Luanda, superintendente Mingas está a ser acusado de ter forçado as camponesas afectas à empresa Konda Marta a abandonar o terreno localizado junto ao Campus Universitário, da Universidade Agostinho Neto, no quadro da disputa do espaço com supostas altas patentes desde 2016.
As mulheres, na sua maioria idosas, foram obrigadas nesta quinta-feira, 3, a sair do terreno que dizem sua propriedade por um grupo de efectivos da corporação da Esquadra da Vila Kiaxi, alegadamente em obediência às “ordens superiores” emanadas no Comando Provincial e Geral da Polícia Nacional, segundo denunciou o empresário Daniel Neto, PCA da Konda Marta.
“Comandante geral da Polícia Nacional orientou na manhã desta quinta-feira 3, o comandante provincial de Luanda para retirar todas as camponesas no perímetro em disputa, que por sua vez baixou a ordem ao comandante municipal da polícia a nível do da Camama super intendente chefe Minga, filho do ex-comandante geral, Panda para que os investidor do comissário Francisco Monteiro Ribas da Silva deem o início das obras”, denunciou.
Daniel Neto disse que, “enquanto PCA da empresa Konda Marta falei com um dos oficiais da polícia e o comandante da Esquadra da Vila Kiaxi, para que exibissem um documento dos órgão competentes, que ordena a referida orientação, disse que estava cumprir ordem do comandante provincial de Luanda”.
Denunciou também alegado envolvimento direito da administradora da Camama, que no seu entender “está a defender os invasores” de terrenos da sua empresa e das camponesas, pois segundo Neto, após a demolição da vedação da empresa, Claudineth Fragoso terá orientado o assessor para área da fiscalização a vedação do terreno com o mesmo material das camponesas, que tinha sido apreendido por ocasião das demolições.
“Como é possível um terreno que já tem direito de superfície passado pelo Ministério de tutela, vai ter outro direito. Será que a Administração da Camama tem mais poder do que o Governo Central”, questionou.
O PCA da Sociedade Konda Marta lamenta o facto de que, a administradora recebe apenas munícipes da sua “conveniência” – a quem supostamente dá ouvido para o esbulho de terrenos da sua empresa, actos que para si “mancha a imagem do Governo e o bom nome do Comandante-em-Chefe das Forças Armadas Angolanas”, devido o envolvimento de altas figuras castrenses do país.
Daniel Neto denunciou entretanto, que “a Policia já causou uma morte, por boleamento pelos efetivos do SIC, um jovem perdeu a vida, a minha esposa sofre todos os dias ameaças, meus filhos já estão há anos sem estudar por conta das perseguições e ameaças de mortes que recebemos, até as crianças ficam com medo” referiu.
Entretanto, a cidadã Maria Luzia Nogueira Nsibu, nascida nos anos 1980, é uma das herdeiras dos terrenos, que reconheceu a legitimidade defendida por Daniel Neto.
” é de lamentar tudo que temos vindo assistir nos últimos anos, A Konda Marta tem todos documento que o proprio Governo lhe passou a titularidade, não entendemos o porque do silencio de quem de direito que devia proteger as camponesas que estão sendo massacradas, violentadas, mortas, por cima dos seus proprios terrenos, os invasores são os chefes da Policia e das Forças Armadas, eles tem armas e o povo não tem nada, ninguem nos defende, …. socorro, senhor Presidente, o director da Konda Marta, também é militar, o Senhor Presidente da Republica é militar, ajuda-nos por favor” apelou clamou.
O comandante municipal da Camama, superintendente Minga, foi supostamente orientado pelo comandante geral, comissário chefe Francisco Ribas, para expulsar o grupo de camponesas da Konda Marta, que se encontra instalado no terreno junto ao Campus Universitário, em Luanda.
A orientação, segundo fontes da Rádio Angola, foi dada na tarde desta segunda-feira, cuja retirada das senhoras, na sua maioria idosas, deve acontecer no período noturno para evitar qualquer filmagem.
No terreno, homens e máquinas da Administração da Camama trabalham arduamente para a conclusão da vedação no período em que foi colocada carcaças de viaturas, alegando que se trata de uma oficina.
“No terreno está a ser transformado forçosamente como parque de viaturas para como forma de ocupação ilegal do espaço”, disse o PCA da empresa Konda Marta.
A fonte adianta que Francisco Ribas considera como uma “ameaça” a permanência de camponesas no perímetro em causa, pelo que, para evitar qualquer denúncia, terá determinado a “expulsão” das camponesas e funcionários da Konda Marta, que reclama a titularidade do terreno de vários hectares.
O Comandante Geral da Polícia Nacional, Francisco Ribas, ainda não se pronunciou sobre várias denúncias que vinculam o seu nome à suposta invasão de terreno.