Centenas de mulheres aderem à campanha de rastreio

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Mais de cem mulheres de várias partes de Luanda aderem à campanha gratuita de rastreio do cancro do colo do útero que decorre desde 5 de Março, em Viana e Talatona, numa iniciativa dos centros médicos privados “Bernardo´s e Vita Plus.

Amélia da Costa, responsável do Centro Médico Bernardo`s, formada em Bioquímica, disse que em Janeiro e Março foram rastreadas 178 mulheres e avaliadas 148 mulheres, das quais 18 foram diagnosticadas com infecção de baixo e alto grau, por Vírus Papiloma Humana (HPV) e  22 com problemas de atrofia e metaplasia escamosa, em seguimento médico, e mais duas que serão submetidas a intervenção cirúrgica para retirada do útero.

Edmara Amaral, 21 anos, moradora no bairro das 500 casas, tomou conhecimento da campanha de rastreio do cancro do colo do útero, através dos órgãos de comunicação social. A jovem, explica que resolveu fazer o exame para saber do estado do seu útero. Segundo a mesma, muitas mulheres desconhecem o que ocorre no interior dos seus organismos.

“Existem muitas doenças, não apenas o cancro do útero, que precisam ser diagnosticadas através de exames laboratoriais”, disse e apelou às outras mulheres a fazerem o Papanicolau de seis em seis meses para prevenção e seu bem-estar.

Com 60 anos de idade, Augusta Salvador disse que aderiu à campanha por saber que o cancro do colo do útero é uma doença silenciosa e que mata muitas mulheres no mundo.  
Apesar da idade avançada, Augusta Salvador reafirma que foi à consulta para incentivar as jovens a fazerem o rastreio do cancro do colo do útero. “Nós podemos estar doentes sem saber e quando nos apercebemos é tarde. Por isso, é preciso fazer esse exame”, concluiu.

Testemunho de uma vítima
Foi através de um teste conhecido por Papanicolau que Madalena José Laurindo, moradora no bairro das 500 casas, em Viana, ficou a saber, por que razão sentia fortes dores na bexiga. Em 2020, as dores tornaram-se intensas e foi encaminhada a um ginecologista, que de imediato recomendou-lhe uma biopsia, um exame médico que requer um procedimento cirúrgico, que permitiu determinar a natureza e o grau da lesão.

A mulher de 48 anos conta que, por ter o período menstrual regular, dava pouca importância às contracções que sentia. Diagnosticado cancro no útero, Madalena Laurindo procurou tratamento médico no exterior. Foi acompanhada por especialistas em Lisboa. “Não é fácil. Mas vale a pena submeter-me ao tratamento”, disse.

Madalena descreve os primeiros meses, como angustiantes. “Nunca passei por uma pressão psicológica tão forte como aquela. Eu, não desejo à outra qualquer mulher. Durante as sessões de quimioterapia senti mal-estar, enjoo e perda de apetite”, realçou.
A mãe de seis filhos salientou que a sua recuperação teve bom resultado, também, pelo apoio da família. ” A família é tudo na vida. Mesmo que estejamos sós, o que não é o meu caso, porque ainda tenho filhos e marido, a família ajuda muito”,  destacou.

Mal do útero em segundo lugar
Amélia Bernardo da Costa, em declarações ao Jornal de Angola, afirmou que a instituição que dirige realiza, regularmente, campanhas de rastreio do cancro do colo do útero. Segundo a mesma fonte, o cancro do colo do útero ocupa o segundo lugar entre as doenças cancerígenas no país.
” O cancro do colo do útero é um tumor de crescimento lento, antecedido de alteração celular, chamada displasia, e é transmitido pelo Papiloma Vírus Humano, mais conhecido por HPV. A alteração das células do colo do útero, pode vir a traduzir-se em cancro ou outras complicações. Estas células encontram-se na superfície da pele e em locais húmidos, tais como a vagina, ânus, colo uterino, vulva, cabeça do pénis, boca, garganta, traqueia, brônquios e pulmões”, disse.


Risco de ter a doença

Além do HPV, de transmissão sexual, existem outros factores de risco, como o excesso de gestações, relações sexuais com vários parceiros, ­infecções sexualmente transmissíveis, mal tratadas ou não tratadas, uso excessivo de tabaco, uso prolongado de pílula anticoncepcional, parceiro com lesões genitais por HPV, uso de Diu- (dispositivo contraceptivo), histórico familiar de cancro do colo do útero, bem como o início precoce da actividade sexual.

Amélia Bernardo da Costa referiu que as mulheres podem prevenir-se contra o HPV através de vacina, mantendo um único parceiro sexual e o uso de preservativo. “Embora sejam doenças curáveis, é importante prevenir, até porque muitas mulheres acabam descobrindo a doença tardiamente e perdem a vida”, lamentou a docente universitária.

Exames regulares  previnem
A especialista em Bioquímica e Análises Clínicas, Amélia Bernardo da Costa disse que para prevenir o cancro no colo do útero, todas as mulheres em idade fértil e sexualmente activas devem fazer o exame de Papanicolau, uma vez por ano. O exame pode ser feito nas maternidades de Luanda ou em clínicas privadas.

“Se a mulher fizer este exame três vezes consecutivas e não acusar nada, está isenta de o fazer no quarto ou no quinto ano. A melhor forma de prevenir é procurar um ginecologista para ver como está a funcionar o seu órgão reprodutor”, aconselhou.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os anos surgem mais de 530 mil casos de cancro do útero, que vitimam cerca de 270 mil mulheres, sobretudo, em países em desenvolvimento. O cancro do colo do útero ataca com mais frequência mulheres dos 14 aos 50 anos.

Doença silenciosa
No início, o cancro do colo do útero é silencioso e não apresenta sintomas, mas existem alguns sinais de que a mulher pode desconfiar. “Quando a mulher não está no ciclo menstrual e ainda assim sangra, no acto sexual sente muitas dores e tem corrimento vaginal anormal, isso já é um sinal de alerta. E de acordo com a evolução da doença, a mulher pode apresentar outros sintomas, como anemia, dores nos membros inferiores, emagrecimento e perda de peso”, explicou Amélia Bernardo da Costa.

Uma vez diagnosticado o tumor, a paciente deve fazer uma série de exames para avaliar a etapa da doença e iniciar o tratamento. “Temos a cirurgia, quimioterapia, radioterapia e a braquiterapia. A cirurgia é o tratamento que se faz no início da doença e, nesses casos, existe a probabilidade de cura”, referiu a também especialista em Análises Clínicas.

Quando o estágio da doença é avançado, os tratamentos são feitos com quimioterapia, radioterapia e braquiterapia. ” Nestes casos, os resultados são também benéficos. Após o tratamento, a doente continua a fazer consultas médicas. Numa primeira fase, uma vez por semana durante um mês, depois de três em três meses. Passado um ano, é acompanhada a cada quatro meses, em seguida, de seis em seis e, posteriormente, uma vez por ano”, descreveu Amélia Bernardo.

De acordo com a especialista, no período de tratamento, a paciente apresenta algumas dificuldades para desenvolver as actividades laborais. “Pode ocorrer sangramento vaginal que a leva a ter anemia, fraqueza, vómitos, perda de peso e emagrecimento”, explicou Amélia Bernardo da Costa.

Fonte:JA

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