Um total de l 1.897 crianças voltou ao seio familiar, nos últimos dez anos, com o apoio do Lar Kuzola, revelou, ontem, em Luanda, a directora da instituição, vocacionada ao acolhimento de menores de idade desamparados e/ou em conflito com a Lei.
Engrácia do Céu, que falava durante as comemorações do 10º aniversário de parceria com a Fundação Lwini e a Total E&P Angola, acrescentou que, durante o período em referência, 227 crianças foram inseridas em famílias substitutas para adopção.
“Foram anos de muitos desafios e conquistas, tendo a instituição trabalhado ininterruptamente na localização e reunificação das famílias”, referiu Engrácia do Céu, du-rante o acto que contou com a presença da Primeira- Dama, Ana Dias Lourenço, e da patrona da Fundação Lwini, Ana Paula dos Santos, que interagiam, cantando com as crianças e endereçando palavras de carinho.
Segundo Engrácia do Céu, durante os últimos dez anos, muitas crianças voltaram ao Lar Kuzola, por dificuldades socioeconómicas nas famílias e pelo facto de a maioria das famílias substitutas desejar, preferencialmente, menores de um ano.
Destacou ainda o excesso de crianças na instituição, desde 2011. O Lar Kuzola, ainda de acordo com Engrácia do Céu, tem capacidade para acolher 250 crianças e, actualmente, tem 572.
“Apesar do número elevado de crianças e as características da infra-estrutura, tem sido possível preservar a intimidade e a privacidade das crianças, observando-se mudanças significativas, que podem ser verificadas na apresentação diária e cuidada das mesmas”, sublinhou.
Garantiu que foi criado um serviço de apoio psicossocial, onde as crianças podem expor as suas preocupações, angústias e medos, o que tem contribuído para a mudança de atitudes e comportamentos de agressividade, isolamento e indisciplina.
No que respeita à saúde, Engrácia do Céu salientou haver uma redução de deslocações aos hospitais de referência, devido às parcerias estabelecidas com o Hospital Psiquiátrico de Luanda e com a Pediatria David Bernardino.
Engrácia do Céu sublinhou que, no contexto da pandemia da Covid-19, foi elaborado um plano de prevenção, não se tendo registado, até ao momento, nenhum caso positivo em crianças ou funcionários da instituição.
A responsável do Lar Kuzola disse que as crianças com idade acima dos seis anos têm acesso à escola, material didáctico e outros recursos para as actividades de desenvolvimento de competências, sociais e de lazer.
Em relação aos adolescentes e jovens, com idade superior a 14 anos, a gestão do lar estabeleceu protocolos de colaboração com escolas de formação técnico-profissional, com a modalidade de internamento, tendo sido encaminhados já 34.
Engrácia do Céu sublinhou que, apesar dos resultados positivos, há ainda desafios que carecem de uma intervenção de todos. Entre os desafios constam a redução do número de crianças acolhidas na instituição, preenchimento das 67 vagas, encaminhamento de 76 adolescentes e jovens acima dos 14 anos para instituições de formação técnico-profissional e fortalecimento das suas competências para a promoção da autonomia e integração social.
Fonte:JA