“Muitos gostavam de governar. Porém, governar não é para todos. A governação tem de ter selo de boa qualidade. O importante não é fazer meras obras. O importante é fazer obras de qualidade, pela sua durabilidade e funcionalidade”.
José Carlos de Almeida| Pensador & Escritor
1. PROJECTO DEFICIENTE
Uma pessoa atenta que passe pela rua do Cemitério do Benfica constata que não há passeio adjacente ao muro frontal. Custa-me acreditar o facto de o empreiteiro e o dono da obra (o Governo Provincial de Luanda) terem ignorado a sua construção. Na hipótese de o passeio não ter constado do projecto, então ele foi mal elaborado. Na hipótese contrária, houve má gestão do projecto por parte do GPL. Uma obra como aquela requer infraestruturação. Portanto, houve falhas do poder local. Em consequência da falta de passeio, os transeuntes caminham na estrada, que começa na Via Expressa* “Comandante Fidel de Castro” e termina precisamente no fim do muro do cemitério.
Quem caminha ao longo da estrada pode ser atropelado em consequência da negligência ou embriaguez do automobilista ou por problemas técnicos da sua viatura; ou pela escuridão da rua.
Não havendo passeio e uma vez que é indispensável, o Governo Provincial de Luanda terá de mandar demolir o muro e construir um outro muro para dentro do cemitério e, assim, permitir a construção de um passeio largo, que, aliás, é mais adequado aos espaços adjacentes a um cemitério. Não se pode compreender o facto de ao longo do Cemitério do Benfica não haver passeios. A avaliação que se pode dar ao Governo Provincial de Luanda é negativa. Aliás, os governantes que não tenham noção ou que ignorem os aspectos relevantes do urbanismo são inúteis.
2. MUSSEQUES NOS MOVOS BAIRROS
O Cemitério do Benfica, localiza-se no Bairro do Benfica, que, na prática, é um musseque com casas imponentes que justificam o pagamento de IPU mais elevados, mas que não tem infraestruturas básicas compatíveis com a qualidade e o valor dos imóveis erguidos. O Benfica faz-me recordar o Bairro Rangel, que, embora com ruas bem definidas, não têm infraestruturas básicas. Não imagino que, em Portugal e no Brasil, os portugueses os brasileiros, na qualidade de governantes ou de indivíduos da classe média, morarem em em áreas habitacionais sem infraestruturas básicas, como acontece no Bairro do Benfica, que tem muitas casas caras e cujos quintais que protegem viaturas sofisticadas. Na verdade, a culta dessa situação é do Governo que se eximiu da responsabilidade de criar as infraestruturas e estabelecer a definição dos limites das áreas de construção para houvesse espaços reservados passeios e travessas que facilitassem a mobilidade. Infelizmente, os angolanos padecem de megalomania, pois são capazes de estender a construção das suas casas em prejuízo da construção de estradas, passeio ou valas. Depois, gabam-se terem uma “casa bem grande”, a casa mais grande da rua…” ou, bem dito, “a.casa grande”. Que mentalidade! Que pena!
3. A CULPA DOS GOVERNANTES
Concluo, que os nossos governantes, sobretudo os que nasceram e cresceram nos musseques ainda não se livraram da mentalidade de mussequino. São vários anos de governação e vários os orçamentos, no entanto, nunca foram capazes de fazer as coisas como deviam ter feito. Nem sequer fizeram o mais fácil – imitar os portugueses, em termos de gestão urbana. Creio que, os governantes angolanos não podem ficar carrancudos ao ler este texto. São vários anos de acções e omissões negativas, ou sejas, erros que prejudicam a boa qualidade das áreas urbanas, a valorização dos imóveis e a qualidade de vida dos habitantes cujo bem-estar é centro de toda a governação.
Senhores governantes, por favor, evoluam! É para isso que foram eleitos ou nomeados. Governem bem! Consciencializem-se de que as infraestruturas básicas são importantes. Ponham na cabeça a ideia de que estradas urbanas sem passeios significam atraso. As pessoas precisam de caminhar, mas de caminhar seguras e comodamente.
4. POR QUE É QUE SE CAMINHA NAS ESTRADAS?
Analisado a situação em Angola, concluo que os habitantes têm o mau hábito de caminhar nas estradas por falta de passeios e por falta de educação. Em relação à falta de passeios, as pessoas livram-se do desconforto da caminhada, da poeira ou das lamas existentes nos espaços que lhes são postos à disposição caminhar. Importa dizer que há ruas sem espaços reservados para a construção de passeios e, noutros casos, os passeios têm uma largura de apenas 60 ou 70 centímetros o que dificulta uma caminhada cómoda e sem encontrões. Creio que as falta de passeios tem a ver, em alguns casos, com a má gestão dos projectos de construção de estradas, e com a desonestidade de alguns governantes, noutros casos. Entretanto, a falta de civismo e de punição da população prejudicou imenso o País. A falta de civismo resulta da falta de aposta na educação comportamental do Povo, por parte dos diferentes governos. Melhor dizendo, por faltas de visão. Quanto à falta de punição por contravenções ou por falta de civismo, é uma consequência do populismo do Presidente José Eduardo dos Santos e do MPLA. A frase “Dos Santos, amigo, o Povo está contigo” e “O MPLA é o Povo e o Povo é o MPLA”. Se analisar em rigor este lema, o MPLA é o merecedor dos louros de tudo de positivo no País e o responsável de tudo de negativo.
O populismo exacerbado que houve durante os longos anos de mandato do Presidente Josê Eduardo dos Santos prejudicam de facto a vida em sociedade e o próprio Estado. Em algumas situações, os governadores ficaram de mãos atadas, devido à chantagem e ao receio de prejudicar a imagem do Chefe, que também era amigo do Povo, em relação à falta de civismo, já só faltava o Presidente gritar “Povo, amigo, faz o quiser!”.
2. PRECISAMOS DE MUDANÇAS URGENTES
Se o País continuar a ser dirigido por pessoas que não se preocupam com a infraestruturação e com outras questões do urbanismo e que não desejam mudar de mentalidade de atitude, Angola terá muitos problemas no futuro. Teremos de gastar muito dinheiro para a correção de acções e omissões erróneas, que podem ser evitados. Vamos prejudicar as futuras gerações. Não ignorem esta advertência. Sou um observador da realidade de Angola e sou cidadão de elevada angolanidade. Sou uma pessoa comprometida com o bem de Angola e dos angolanos.
Termino dizendo que todas obras têm de ter boa qualidade. Mas isso depende de quem governa a nível central e local. Depende do comprometimento, da honestidade e do bom gosto dos governantes. Sabemos que muitos gostavam de governar. Porém, governar não é para todos, a governação tem de ter selo de boa qualidade. O importante não é fazer meras obras. O importante é fazer obras de qualidade, pela sua durabilidade e funcionalidade. O importante não é gizar projectos para justificar gastos públicos. O importante é idealizar projectos úteis para os angolanos, os estrangeiros residentes e para os que nos venham visitar este Pais. Quem ignora estas ideias, então desconhece a excelência da governação.
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*Diz-se “VIA EXPRESSA”. Não te se diz “Via Expresso”, nem “Via Expresse”.
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