Legalização de terras e produção de viveiros travam fomento do café em Angola, a Associação denuncia decadência na produção do café no país. Uíge era o maior produtor do café em Angola agora está a ficar prá trás. João Ferreira já vem reclamando dessa situação a muitos anos.
Inocente Neto
Produção de café cresce no Uíge. A produção de café naquela província no ano de 2001 de 200 toneladas, nos anos anteriores a 2002, para nove mil no ano de 2014, em resultado do aumento do número de fazendas em exploração e de iniciativas institucionais, dizia na altura o antigo chefe do Departamento Provincial do Instituto Nacional do Café (INCA).
A história continua a mesma até aqui a província já não produz em grande escala o produto que construiu o país na era colonial.
O presidente da Associação Nacional do Café, Cacau e Palmar de Angola disse recentemente que “existe uma incógnita” quando ao aumento da produção, considerando a legalização de terras e a produção de viveiros como as “principais barreiras”.
João Ferreira, que falava hoje em Luanda, considerou que o principal ponto dos operadores do ramo é o “fomento da produção do café que passa obrigatoriamente pela reorganização do setor cafeícola e concretamente a produção de viveiros”.
“Se não pudermos produzir mudas ou viveiros não podemos falar em produção do café, por isso é que ainda hoje estamos a dar passos muito lentos por causa disso, portanto não há uma definição concreta de que é necessário produzir”, afirmou o responsável.
O responsável, que falava hoje no final da conferência de imprensa de apresentação do II Congresso da Produção e do Setor Privado, defendeu também a “reestruturação do Instituto do Café de Angola (ICA) que está completamente inoperante”.
O ICA “tem muitas dificuldades de quadros, há 10 anos que não renova os seus quadros, falo isso porque sou quadro do café desde 1966 e tenho alguma propriedade para falar sobre isso”, notou o empresário João Ferreira.
Angola, que já foi o terceiro maior produtor mundial do café e que já produziu 240 mil toneladas de café/ano, exporta atualmente em média cerca de 1.100 toneladas de café/ano.
“É uma gota no oceano em relação ao que o país deve e pode produzir”, lamentou o líder associativo, apontando igualmente a legalização de terras para os operadores como “um problema muito sério”.
João Ferreira fala mesmo em “questões desencontradas” entre a pretensão do Ministério da Economia e Planeamento em criar condições para legalizar as terras dos produtores a nível local e a “lentidão dos governos provinciais” nos processos.