Investigar um livro biográfico, no qual uns capítulos são maiores e ou mais intensos, provocando questões a serem discutidas, é a leitura feita, na exposição individual do artista plástico Ricardo Kapuka, intitulada “Pós…”, inaugurada na quinta-feira, no Camões – Centro Cultural Português, em Luanda.
A mostra reúne um conjunto de 13 peças, sendo 12 quadros e um vídeo, e ficará patente até ao próximo dia 1 de Abril.
Segundo o artista, as obras foram feitas na sua residência artística, na cidade do Cabo, África do Sul, entre Novembro de 2019 e Janeiro de 2020, numa época em que a ideia de uma exposição no Camões era apenas uma intenção.
Ricardo Kapuka explicou que as outras obras foram criadas em confinamento na Catumbela, província de Benguela, com o objectivo de tirar da teoria para prática o novo retiro espiritual e artístico com formato residencial.
“Tenho o hábito de estar isolado para produzir as minhas obras, no atelier como se estivesse distanciado das pessoas, mas não é sinónimo de um total afastamento social, até porque os meus trabalhos narram e criam debates e arquivos em torno da sociedade angolana”, disse o artista.
A cerimónia inaugural contou com as presenças do director do Camões – Centro Cultural Português, Telmo Gonçalves, e com o director do ELA – Espaço Luanda Arte, Dominick Tanner. Por razões de biossegurança e prevenção no combate à pandemia da Covid-19, a inauguração foi restrita à comunicação social.
Ricardo Kapuka nasceu na Catumbela, em Benguela e actualmente vive e trabalha em Luanda. Desenha à mão livre, corta “stencils”, usa sprays e tintas além de desenvolver vídeo – instalações um “frame” de cada vez, com uma linguagem de arte urbana.
As obras reflectem sentimentos de dor e alegria, fundem traços perspicazes de crítica social e política, sobre telas e tecidos africanos, retratando a essência da cultura e dos hábitos angolanos, discutindo memória e identidade.
Amilda Tibéria
Fonte:JA