“As pessoas estão a ser baleadas em pleno protesto”, conta ao Expresso um ativista que passou um ano preso no tempo de José Eduardo dos Santos. O seu nome é Hitler Samussuku e juntamente com Luaty Beirão, que também falou ao Expresso, fez parte dos 15+2, como ficaram conhecidos em Angola. Hoje, estabelecem um infeliz paralelismo entre os regimes de João Lourenço e José Eduardo dos Santos
As manifestações em Angola aumentaram desde que João Lourenço assumiu a Presidência, em 2017. A investigadora Cláudia Almeida, do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA), fala num “aumento exponencial”: nos últimos 15 anos da Presidência de José Eduardo dos Santos, houve cerca de uma centena de protestos, enquanto nos primeiros cinco anos de Lourenço como chefe de Estado foram registadas 150 manifestações. Esse aumento foi acompanhado por “maior repressão enquanto resposta do Estado aos protestos, sobretudo a partir de 2019”, ressalva a investigadora ao Expresso.
Exemplo disso foi a manifestação nacional do passado dia 17, que as autoridades reprimiram em várias províncias com disparos e gás lacrimogéneo, daí resultando dezenas de feridos e detidos. A subida do preço dos combustíveis, o fim da venda ambulante das ‘zungueiras’ e a alteração do estatuto das organizações não-governamentais foram os três grandes motes dos protestos. Em comunicado, a Polícia Nacional garantiu que as forças de segurança usaram meios proporcionais.
Com Expresso.pt