O governo angolano reafirmou, ontem, em Luanda, que o continente africano continua a ser uma das prioridades estratégicas no domínio da política externa.
A posição foi manifestada pelo secretário de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades Angolanas, Domingos Vieira Lopes, ao discursar na cerimónia de abertura da palestra alusiva ao 58º aniversário da fundação da União Africana, sucessora da Organização de Unidade Africana(OUA), fundada a 25 de Maio de 1963.
No encontro, que decorreu sob o lema “Arte, cultura e património – alavancas para a edificação da África que queremos”, Domingos Vieira Lopes reforçou que Angola se predispõe a incrementar e aprofundar as relações de cooperação com os parceiros africanos nos mais variados domínios, quer no âmbito da União Africana como das Organizações Regionais, com vista a buscar dividendos políticos e económicos que concorrem para uma integração mais competitiva do continente no contexto internacional.
O responsável reafirmou o engajamento de Angola na causa da unidade e prosperidade do continente africano.
“Desejo que os 58 anos de existência da União Africana reforcem a necessidade dos países africanos, em especial Angola, em acelerar o processo de recuperação do acervo cultural, através da identificação e localização junto das organizações e países estrangeiros e permita a adopção de medidas que visem preservar o património, prevenir o contrabando e garantir a continuidade da riqueza cultural africana”, sublinhou.
Mudança de mentalidade
O secretário de Estado referiu que o tema adoptado pela União Africana “Silenciar das armas”, parece não surtir efeito, tendo em conta os golpes de Estado que se registam no continente, apontando a mudança de mentalidade como uma das soluções.”É essencial mudar as mentes e adoptar novas atitudes e agir diante das adversidades. Resolver os problemas de forma amena deve ser um princípio a ser adoptado por todos”, apelou, acrescentando que o recurso à violência desencadeia mais violência. “Quando isso acontece esquecemos que é preciso combater a pobreza e criar outras condições de vida para os cidadãos”, disse.
Solidariedade com o Mali
Domingos Vieira Lopes manifestou-se preocupado com a situação no Mali, onde militares insatisfeitos detiveram o Presidente e o Primeiro-Ministro. “Angola espera que a União Africana tome uma atitude que não deixe margem para que os rebeldes permaneçam e mantenham o Presidente maliano em cativeiro”, disse.
No entender do secretário de Estado para a Cooperação, a União Africana deverá ser mais incisiva nas sanções para aqueles que não querem o caminho do diálogo e da harmonia.
Sobre o tema da palestra, o responsável explicou que o mesmo foi adoptado na Cimeira da União Africana realizada em Fevereiro deste ano, que serve de debate com a finalidade de transmitir os valores culturais à nova geração africana e promover os sectores das artes e cultura no processo de construção de uma África mais resiliente.
O tema tem como objectivo contribuir para a economia do continente através da protecção, preservação e promoção dos locais do património africano. Foram prelectores o embaixador de Cabo Verde em Angola, Jorge Figueiredo, Simão Makiadi, docente da Faculdade de Ciências da Universidade Agostinho Neto, o director-geral adjunto do Instituto Nacional do Património e Cultura, Emanuel Caboco e o director do Comité Nacional de Gestão da Bienal de Luanda, Diekumpuna Sita José.
Fonte:JA