O chefe do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, cumpre nesta quinta-feira, em Luanda, uma visita de trabalho, que tem como ponto mais alto o encontro com o Presidente da República, João Lourenço, com vista ao reforço da cooperação entre os dois países.
Pedro Sánchez, que chegou ao país na noite de quarta-feira acompanhado de uma extensa comitiva, incluída por empresários, inicia o seu programa de visita com um Fórum Empresarial Angola-Espanha, no qual deverá fazer a sua intervenção no final.
Após o fórum, Pedro Sánchez segue para o encontro com o chefe de Estado angolano, no Palácio presidencial, à Cidade Alta, onde vão decorrer conversações entre as delegações ministeriais.
De acordo com o programa, está previsto intervenções de Pedro Sánchez e João Lourenço na abertura das conversações.
A assinatura de quatro instrumentos jurídicos, entre acordos e memorandos de entendimento, nas áreas de transporte aéreo, indústria, pesca e agricultura, deverá acontecer no final das conversações, seguindo-se declarações à imprensa de Pedro Sánchez e João Lourenço.
Antes de deixar o país, com destino ao Senegal, o chefe do Governo espanhol vai visitar uma subestação elétrica, com participação de Espanha, e o colégio salesiano Dom Bosco, ambos em Luanda.
“Queremos transformar esta década na década de Espanha em África”, salientou o chefe do Governo espanhol na semana passada, acrescentando que “Espanha está cada vez mais próxima de África e a África cada vez mais próxima de Espanha e também da Europa”.
Na altura Sánchez apresentou o plano “Foco África 2023” que espera que marque um ponto de viragem nas relações de todo o tipo com o continente africano, a fim de alcançar uma nova parceria estratégica em que Madrid possa liderar a ação da União Europeia com esta parte do mundo.
Luanda é a primeira etapa de uma curta deslocação a África que levará Pedro Sánchez também ao Senegal na sexta-feira.
Negócios com a Angola a Espanha em alto estilo
Angola resiste à banca comercial e prefere financiamento barato. A ministra das Finanças de Angola disse recentemente que várias vezes teve de dizer aos banqueiros comerciais para se acalmarem porque a prioridade do país é o financiamento em termos concessionais, abaixo das taxas do mercado.
“Recebemos muitas propostas dos bancos comerciais para financiar projetos específicos, e a nossa iniciativa é dizer para se acalmarem, porque a prioridade é o setor privado o investimento direto, queremos tirar o pé do acelerador relativamente às linhas de financiamento”, disse Vera Daves durante uma conversa com o presidente do Banco Mundial, que decorreu esta tarde em formato virtual a partir de Washington, no âmbito dos Encontros da Primavera organizados em conjunto com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Abrindo o painel sobre ‘Repensar a Dívida: Financiando o Futuro numa crise’, Vera Daves disse que “os bancos comerciais ainda estão interessados em dar financiamento a Angola, mas Angola quer evoluir para uma estratégia de combinação de fundos do setor privado e fundos concessionais”, ou seja, abaixo das taxas de juro praticadas pelo mercado.
Respondendo a uma pergunta sobre o interesse da banca comercial no país, a ministra respondeu que esta junção dos dois tipos de financiamento visa “convidar o setor privado para se envolver e participar connosco no crescimento e na exploração de oportunidades, e e encontrar fundos através de termos concessionais que às vezes não são aceitáveis para os bancos comerciais”.
É um processo “que de alguma forma é doloroso porque há um enquadramento mental e estratégias diferentes, e alguns dos nossos parceiros já começam a perceber, mas ao princípio não era fácil negociar nestes termos”, apontou, concluindo que Angola está “empenhada com o investimento privado e em ter financiamento concessional, resistindo a assinar contratos em termos comerciais que vão adicionar stress à situação da dívida”.
O FMI prevê que Angola saia da recessão este ano, crescendo 0,4% e acelere o crescimento para 2,4% em 2022, antecipando também uma redução da dívida pública para menos de 100% do PIB no próximo ano.