Em Benguela: África Têxtil volta à vida 18 anos depois

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O Presidente angolano enalteceu sábado (20), o reinício da actividade produtiva da África Têxtil, paralisada há 18 anos na província de Benguela, considerando o investimento de mais de 400 milhões de dólares (330 milhões de euros) um ganho nacional. A unidade tem capacidade instalada para a produção anual de sete milhões de toalhas de banho e lençóis.

Segundo João Lourenço, «nem todas as condições da unidade estão criadas por completo», mas «a empresa dispõe do mínimo para o seu arranque», tendo garantido que «o que está por se fazer será feito».

O Chefe-de-Estado, que falava aos jornalistas após testemunhar o reinício da produção da unidade têxtil, inaugurada em 1979, e agora sob gestão da zimbabueana “Baobab Cotton Group”, realçou que, com a gestão privada, o «Estado deixa de ter despesas».

«Todo o investimento a fazer daqui para frente, em matéria-prima e outro tipo de investimento, será feito pela entidade gestora. O Estado não só deixa de investir, como passa a ganhar com os impostos. As divisas serão do investidor, mas, obviamente, que serão adquiridas aqui em Angola», afirmou, quando questionado pelos jornalistas.

A empresa zimbabueana “Baobab Cotton Group” foi a vencedora do concurso público internacional de concessão para a gestão da unidade fabril vocacionada para a transformação de algodão em fios e tecidos para múltiplos usos desde lençóis, toalhas de banho, de mesa e cobertores. A unidade industrial prevê a criação de cerca de 2.200 postos de trabalho directos, em três turnos, mas numa primeira fase conta com 175 trabalhadores que deverão formar simultaneamente outros 150.

Questionado sobre os critérios de admissão de pessoal para a África Têxtil, em plena carência de empregos a nível do país, João Lourenço explicou que os critérios foram definidos pela gestora e não podem ser impostos pelo Estado.  «A entidade empregadora tem os seus critérios e vamos deixar que tenha a liberdade de selecionar e formar o pessoal de trabalho, de forma que possa tirar o maior rendimento possível desta grande unidade fabril», disse.

João Lourenço sublinhou que «nem todas as condições da unidade estão criadas por completo», mas «a empresa dispõe do mínimo para o seu arranque», tendo garantido que «o que está por se fazer será feito e as orientações estão dadas».

O ministro da Indústria e Comércio angolano, Victor Fernandes, deu conta de que o arranque da África Têxtil «se enquadra no âmbito do processo de recuperação e reativação de activos públicos pelo Estado».

«Está em conformidade com a estratégia de relançamento da indústria têxtil e da fileira do algodão delineada no âmbito do programa do executivo da indústria transformadora», notou.

Para a reabilitação da África Têxtil, explicou, o Estado formalizou com a empresa japonesa “MAROBENI”, um contrato cujo valor ascendia a cerca de 420 milhões de dólares, o que incluía o desenvolvimento do projecto de engenharia, recuperação dos equipamentos e construção da unidade fabril.

A unidade tem capacidade instalada para a produção anual de sete milhões de toalhas de banho e lençóis. «A África Têxtil é um projecto estratégico para alavancar o desenvolvimento do sector das confecções e principalmente para potenciar o ressurgimento de todas as actividades associadas à produção do algodão e com inegável potencial para exportação do seu produto acabado», assegurou Victor Fernandes.

A produção «será assegurada, numa primeira fase, pela importação de matéria-prima durante um ano, findo o qual será substituída pela oferta nacional de matéria-prima», sublinhou.

O representante da “Baobab Cotton Group”, Laurence Miles, referiu que sucesso de operação da unidade fabril «está dependente de programas agrícolas robustos baseados em actividades comerciais agrícolas que observem as melhores práticas de gestão».

«Como indústria que se alimenta de matéria-prima proveniente da agricultura, esta unidade irá necessitar de 1.300 unidades métricas de fibras de algodão por mês, o que proporcionará oportunidades para mais 1.500 agricultores de pequena escala», frisou.

Constou igualmente da agenda de trabalhos de João Lourenço, em Benguela, um período de audiências a empresários locais, líderes religiosos e a membros da sociedade civil. (In Lusa)

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